Floyd foi asfixiado até a morte pelo policial cujo julgamento tem início em Minneapolis

Começou na terça-feira (9) o julgamento do ex-policial Derek Chauvin, de Minneapolis, no estado de Minnesota, EUA, pelo assassinato por asfixia do afro-americano George Floyd, ocorrido em 25 de maio do ano passado.

Nove meses depois do crime que reavivou o sentimento contra os imensos problemas raciais do país, em um caso considerado como plebiscitário sobre a violência policial, Chauvin se sentou no banco dos réus. A seleção dos jurados inicialmente foi atrasada, em meio à discussão se serão somadas às acusações de “assassinato em segundo grau [quando não há um plano premeditado] e homicídio involuntário”, a de “assassinato em terceiro grau” [quando atuou de forma irresponsável ou imprudente], – que prevê pena máxima de 40 anos.

A crueldade com que Floyd foi morto pelo policial ganhou o mundo pelas câmeras de televisão: teve o seu joelho pressionado no pescoço por quase nove minutos, enquanto já estava detido e algemado. Na filmagem, ele é visto lutando desesperadamente para sobreviver e suplica, afirmando que “não consigo respirar”. A justificativa do policial branco? O fato de o negro supostamente usar uma nota falsificada de 20 dólares em um supermercado.

Há muita expectativa em relação ao julgamento, que será transmitido ao vivo. O problema é que somente uma decisão unânime dos 12 membros do júri pode levar o assassino para trás das grades. Os outros três policiais envolvidos na prisão de Floyd, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, embora já tenham sido despedidos da polícia, enfrentam acusações menores e serão julgados separadamente.

O fato é que as mobilizações populares em repúdio ao racismo cresceram tanto que se tornaram um dos temas principais campanha presidencial nos Estados Unidos (o outro foi o desastre de Trump no trato da pandemia), diante da reação racista e repressiva que provocaram, principalmente por meio do então presidente e candidato à reeleição, Donald Trump. A polarização fez com que o candidato oposicionista e atual presidente, Joe Biden, tivesse de prometer reformar a polícia, acabar com a supressão do voto – que obriga o cidadão a ter de saldar suas dívidas com o Estado para votar – e outros exemplos do persistente racismo.

Milhares de pessoas voltaram a marchar pelas ruas de Minneapolis no domingo para exigir justiça. Com um caixão branco coberto de rosas vermelhas, a multidão de todas as raças e credos permaneceu em silêncio, apenas dando uma breve pausa para gritar “Se não há justiça, não há paz!”. Um banner reproduzia as últimas palavras de Floyd: “Não consigo respirar”.

Como recordou recentemente Bill de Blasio, prefeito de Nova Iorque, que denunciou que Floyd foi “assassinado à plena luz do dia”: “se George fosse branco, estaria vivo neste momento”.

Nascido em Houston, George Floyd jogava basquete e futebol em sua cidade natal, também atuando na cena local de hip-hop, onde era conhecido. Quando se mudou para Minneapolis começou a trabalhar como segurança do restaurante latino-americano Conga Latin Bistro, no centro da cidade. Ele, que perdeu o emprego depois que o estabelecimento fechou com as medidas de isolamento por conta da pandemia do coronavírus, se encontrava entre os mais de 41 milhões de pessoas que já solicitaram o seguro-desemprego nos Estados Unidos.