Com pandemia, crescem pedidos de falências e de recuperação judicial

Diante do cenário em que empresas passam por graves dificuldades financeiras e não
conseguem acessar crédito, os pedidos de recuperação e falência dispararam em abril sobre
março. De acordo com levantamento do Serasa Experian antecipado ao portal G1, o aumento
de pedidos de recuperação judicial foi de 46,3%; já os pedidos de falência subiram 25% no mês
passado.
Ainda que o percentual de crescimento já expresse os resultados da ausência de plano
econômico que auxilie empresas a passarem pela pandemia do novo coronavírus, o Serasa
afirma que há um represamento nos pedidos – dado que cartórios e varas judiciais não estão
operando normalmente por conta das medidas restritivas e de quarentena. Também, o
levantamento do Serasa não computa acordos extrajudiciais ou empresas que decidiram
encerrar as suas atividades por conta própria.
Para Luiz Rabi, economista da instituição, haverá uma “avalanche de pedidos neste ano”,
prevendo que o patamar retornará ao recorde observado em 2016, período da maior recessão
da história do país (2014-2016).
“Com a recessão se instalando e com as dificuldades que vários setores estão apresentando,
tanto o número de falências quando de recuperações judiciais é esperado que aumentem.
Independentemente do tempo de isolamento, os impactos na economia já ocorreram e vão
demorar para ser integralmente superados”, disse Rabi.
Apenas 14% das micro e pequenas empresas que solicitaram crédito conseguiram, diz Sebrae
“A corda sempre estoura nas pequenas empresas, que são o elo mais fraco da cadeia. Um mês
sem faturamento já praticamente quebra essas empresas, que não costumam ter reserva de
capital nem acionistas que possam injetar recursos”, afirma Rabi, explicando o porquê de
pequenas e micro empresas estarem liderando o ranking de pedidos de recuperação e
falência. De acordo com o levantamento, de 120 pedidos de recuperação em abril, 53 foram
micro e pequenos negócios, 44 empresas médias e 23 empresas grandes. Nos casos de
falência, 39 foram micro e pequenas empresas, 20 grandes e 16 médias.
Uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostra
que desde o início da emergência apenas 14% das micro e pequenas empresas que solicitaram
crédito conseguiram. Quase 7 milhões (38%) procuraram crédito no período – mais da metade
(58%) não conseguiu o dinheiro, enquanto 28% ainda estão aguardando a liberação do banco.
De acordo com o Ministério da Economia, 77 mil empresas conseguiram aprovação dos bancos
para terem acesso ao crédito. Mas, segundo o Sebrae, o Brasil tem 17 milhões de pequenos
negócios.
“Realmente, muitas empresas e pessoas vão morrer, mas não é por causa do fechamento da
economia, nem do lockdown. É pela absoluta incapacidade de execução de medidas de
crédito. Pagamos 35% de imposto para, num momento de pandemia, o Estado ter a
capacidade de auxiliar as pessoas e as empresas”, diz o economista Carlos Honorato da
Fundação Instituto Administração (FIA).