Desde a última segunda-feira (4), Manaus se encontra em estado de emergência por 180 dias por conta do avanço da Covid-19 na cidade. O decreto realizado pelo prefeito David Almeida, autoriza, entre outras medidas, a contratação temporária de pessoal, de serviços e aquisição de bens e materiais.

A capital amazonense voltou a ter hospitais lotados por conta da Covid. Nos últimos dias, a cidade registrou recorde de novas internações que superaram números vistos em abril e maio, quando houve colapsos no sistema público de saúde e funerário. Cemitérios também voltaram a registrar filas de carros funerários.

No primeiro pico da doença no estado, entre abril e maio, a rede pública de saúde operou com quase 100% dos leitos ocupados, e caixões foram enterrados empilhados e em valas comuns em Manaus. Até a última segunda, mais de 5,3 mil pessoas morreram com a Covid-19 em todo o estado.

O decreto publicado pelo prefeito determina, também, a suspensão da autorização para eventos até 31 de janeiro, a proibição do corte das contas de água e esgoto até 31 de março e o estabelecimento do teletrabalho na administração municipal até 31 de março, ficando suspensos os atendimentos presenciais, exceto o das atividades essenciais, que acontecem de 8h às 14h, mas com revezamento de servidores.

“Estamos adotando todas as medidas necessárias para contribuir decisivamente para o enfrentamento da Covid-19, especialmente neste momento em que a cidade registra aumento de casos e, infelizmente, de mortes. Estamos preocupados com a população em geral, com aglomerações, com nossos servidores e com as pessoas mais carentes”, disse o prefeito.

Em apoio à decisão da prefeitura, o governo do Amazonas também voltou a decretar o fechamento de atividades não essenciais por 15 dias, após determinação da Justiça.

David Almeida afirmou que Manaus vive um novo colapso no sistema de saúde, em meio a um aumento de casos e internações de pacientes com Covid-19. Segundo ele, se os níveis de mortalidade continuarem como estão, a cidade só terá covas disponíveis para mais “dois ou três meses”.

“Manaus foi a primeira cidade do Brasil a entrar em colapso na saúde e foi também a primeira a sair. E voltamos novamente, nesta segunda onda, a entrar nesse colapso de atendimento de casos de Covid-19”, disse Almeida em entrevista.

O prefeito ainda afirmou que pretende construir, de forma rápida, mais 6 mil covas no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, o maior de Manaus. O local é o mesmo onde vítimas da Covid-19 tiveram que ser enterradas em valas comuns por falta de espaço, no auge da primeira onda de infecções na cidade.

A ideia, segundo Almeida, é construir 22 mil novas covas ao todo. “Nós estamos contratando para que, de forma emergencial, nós possamos garantir que essas famílias possam ter seus entes queridos sepultados de uma forma digna”, completou.

Segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas, 91,84% dos leitos de UTI do estado estão ocupados: 92,18% dos leitos para adultos da rede pública, 50% dos leitos infantis e 94% da rede privada. Leitos de enfermaria têm ocupação de 86,45%.