O primeiro-ministro Boris Johnson, que havia sido hospitalizado no domingo por causa do coronavírus, foi transferido para uma unidade de terapia intensiva (UTI) depois que sua condição piorou, anunciou na segunda-feira (6) porta-voz de Downing Street, a sede do governo britânico.

A decisão foi tomada por sua equipe médica depois que sua condição piorou ao longo do dia. De acordo com o jornal Guardian, o primeiro-ministro está consciente e foi movido por precaução no caso de precisar de ventilação.

A nota do governo britânico:

“Desde a noite de domingo, o primeiro-ministro está sob os cuidados de médicos do Hospital St Thomas, em Londres, depois de ter sido internado com sintomas persistentes de coronavírus.

Ao longo desta tarde, a condição do primeiro-ministro piorou e, a conselho de sua equipe médica, ele foi transferido para a unidade de terapia intensiva do hospital.

O primeiro-ministro pediu ao secretário de Relações Exteriores Dominic Raab, que é o primeiro secretário de Estado, que o substitua sempre que necessário.

O PM está recebendo excelente atendimento e agradece a todos os funcionários do NHS [sistema público de Saúde inglês] por seu trabalho e dedicação”.

Desde 27 de março, Johnson vinha sendo mantido isolado em um apartamento na sede do governo.

Boris Johnson se tornou um firme defensor do “fique em casa”, fazendo uma autocrítica da concepção inicial de seu governo contra a quarentena, na suposição de que a exposição da população ao vírus levaria à “imunização de rebanho”.

Estudo do conceituado Imperial College, que demonstrou que, até atingir sob laissez-faire a imunização (o que requereria pelo 60% já tivesse tido contato com o vírus), o brutal número de mortes resultante tornaria tal proposição socialmente inaceitável.

Uma consequência desse enfoque inicial desastrado – e do tempo perdido para começar a quarentena – são os quase 48 mil casos de contágio do coronavírus no Reino Unido e quase 5 mil mortos, o que faz com que também tenha superado a China em total de óbitos. Só nas últimas 24 horas, foram quase 6 mil novos doentes e 621 mortos a mais.

Essa nova compreensão proporcionou a adoção da quarentena, com Boris Johnson enfatizando que “fique em casa”, “proteja o NHS [serviço público de saúde, o SUS britânico]” e “salve vidas”.

Em raro discurso à nação no domingo, a rainha Elizabeth II convocou o povo inglês a superar a pandemia, “usando os grandes avanços da ciência e nossa compaixão instintiva para curar”.

Relembrando a II Grande Guerra, quando as crianças eram levadas para fora de Londres para sua própria segurança, a rainha conclamou todos a respeitarem a quarentena. “Hoje, mais uma vez, muitos sentirão uma sensação dolorosa de separação de seus entes queridos”, disse Elizabeth II. “Mas agora, como então, sabemos, no fundo, que é a coisa certa a se fazer”.