Jair Bolsonaro (sem partido)

O valor dos contratos entre a Precisa Medicamentos, suspeita de compor o esquema de corrupção na compra de vacinas, e o governo federal subiu 6.000% desde o começo do governo Bolsonaro.

A Precisa tem ligação com o líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

Antes do governo Bolsonaro, apenas um contrato tinha sido fechado, em 2018, no valor de R$ 27,4 milhões, para a entrega de preservativos femininos. Na época, o ministro da Saúde era Ricardo Barros.

A partir de 2019, quando Bolsonaro assumiu a Presidência, o valor dos contratos fechados entre o governo e a Precisa já subiu para 1,67 bilhão, 5.994% superior ao montante anterior.

A Precisa Medicamentos é a intermediária da compra das vacinas Covaxin, produzidas pela indiana Bharat Biotech.

O governo Bolsonaro adquiriu a vacina Covaxin por um preço 1.000% mais caro que o valor inicialmente acordado. Ela é a mais cara das vacinas. O Ministério da Saúde, dirigido pelo então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fez negócios com a representante da Covaxin, a Precisa, mesmo sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para importação ao contrário de outras vacinas.

Um esquema de corrupção na compra foi denunciado pelo servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF).

Os dois foram até Jair Bolsonaro para denunciar o esquema e ouviram dele que o esquema era “coisa de Ricardo Barros”, segundo relataram à CPI da Pandemia. Bolsonaro não levou a denúncia para a Polícia Federal, o que configura o crime de prevaricação.

A própria compra da vacina indiana foi facilitada por uma emenda apresentada por Ricardo Barros a uma Medida Provisória aprovada na Câmara.

Ricardo Barros assinou, quando era ministro da Saúde, um contrato de R$ 20 milhões com a empresa sócia da Precisa, a Global Saúde, na compra de medicamentos. Os medicamentos nunca foram entregues.

O dono das duas empresas, Francisco Maximiano, ganhou muito espaço com o governo Bolsonaro. Através do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho de Jair Bolsonaro, Maximiano conseguiu reuniões com o BNDES.

Maximiano também conseguiu reuniões com a embaixada do Brasil na Índia e liderou a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC), mesmo sem ser membro.