Nomeado para gerir a Fundação Palmares depois de uma longa briga judicial, Sergio Camargo,
conta com o apoio de Bolsonaro e está usando essa influência para atacar frontalmente sua
superior hierárquica, a secretária de Cultura Regina Duarte.
A atriz voltou a ser achincalhada por Sérgio Camargo, nas redes sociais esta semana. “Quem
nomeia esquerdistas no governo Bolsonaro deveria ter vergonha na cara, retirar-se com sua
turma e tentar voltar somente em 2022 por meio do voto! Se é um recado para a atriz? Sim!”,
escreveu ele no Twitter, na segunda-feira (27).
No sábado passado (25), o presidente da Fundação Palmares já havia atacado Regina Duarte.
“A esquerda tentou me impedir via Justiça (fui suspenso por três meses). A esquerda tentou
me barrar por ato de sua representante empossada na Cultura. O plano é nomear um indicado
do movimento negro na Palmares; um preto que seja escravo da cartilha. Fracassará sempre!”,
escreveu no Twitter.

A esquerda tentou me impedir via Justiça (fui suspenso por três meses). A esquerda tentou me
barrar por ato de sua representante empossada na Cultura.O plano é nomear um indicado do
movimento negro na Palmares; um preto que seja escravo da cartilha. Fracassará sempre! ??
— Sérgio Camargo (@sergiodireita1)  April 26, 2020
Isolada e alvo de ataques de seus subordinados, a atriz estaria arrependida de deixar a carreira
na Globo para se juntar ao governo. A crise política provocada pela saída do ex-juiz Sergio
Moro do Ministério da Justiça pode fazer mais uma baixa no governo Bolsonaro: a secretária
especial da Cultura, Regina Duarte.
“É tudo que preciso aprender… desapego. Tá em tempo ainda”, escreveu a atriz em uma
postagem no Instagram, publicada no sábado, 25.
Segundo o jornalista Robson Bonin, da coluna Radar, de Veja, “a secretária foi isolada numa
espécie de limbo administrativo desde que entrou no governo. Não tem força para convencer
ministros a destravar sua agenda cultural e também não conta com apoio do Planalto para
sequer escolher a própria equipe”.
Nos bastidores, aliados dizem que Regina Duarte não tem força de convencimento com os
ministros e não recebe apoio do Planalto para ter autonomia na pasta. Por isso, alguns
acreditam que a secretária pode ser a próxima a deixar o governo.
Na noite desta terça, na portaria do Alvorada, Bolsonaro criticou o distanciamento de Regina,
que está trabalhando de casa em São Paulo, e afirmou que a secretária tem dificuldade na
condução da pasta.
Bolsonaro nega pressão por demissão da secretária
“Infelizmente a Regina está trabalhando pela internet ali e eu quero que ela esteja mais
próxima. Uma excelente pessoa, um bom quadro, é também uma secretaria que era
ministério, muita gente de esquerda, pregando ideologia de gênero, essas coisas todas que a
sociedade, a massa da população não admite e ela tem dificuldade nesse sentido”, disse o
presidente.
Bolsonaro, porém, negou que esteja insatisfeito com o trabalho da secretária. “Quem falou
que ela sai? Você acredita na imprensa? Eu não acredito”, disse, ao ser questionado sobre a
situação. “Eu queria que ela estivesse em Brasília para conversar mais com ela. Só isso. Mais
nada. Eu sou também apaixonado pela namoradinha do Brasil”.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, “Bolsonaro já disse a aliados que espera que parta da
própria Regina uma decisão de deixar o governo. Ele também deu carta branca para que seus
apoiadores critiquem a secretária”.
Pessoas próximas da atriz disseram para a Folha que vêem nas publicações de Regina na
internet um sinal de esgotamento, mas acham que ela tem resistido. Ela teria dito a aliados
que fica no governo até quando Bolsonaro quiser, que confia nele e fará medidas esperadas no
setor cultural.

A assessoria de imprensa da Secretaria Especial da Cultura informou que “Regina Duarte segue
trabalhando, reunindo-se com a equipe, representantes do setor cultural, determinada a fazer
seu melhor pela cultura, sempre alinhada com o presidente Jair Bolsonaro”.