A inflação oficial – medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), avançou 0,73% em dezembro e fechou o ano de 2021 em alta acumulada de 10,06%, maior alta desde 2015, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (11). Um dos principais motivos para a inflação ter terminado o ano acima dos dois dígitos foram os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis (aumento no ano de 49,02%) e da energia elétrica (alta no ano de 21,21%) – cujos preços são administrados pelo governo federal.

“O maior impacto veio do (grupo) Transportes, que teve alta superior a 20% em 2021. Essa alta está relacionada principalmente ao comportamento do preço dos combustíveis, em particular da gasolina e do etanol. Apenas em abril e dezembro nós tivemos quedas nos preços dos combustíveis”, destacou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

A Gasolina, item de maior peso no IPCA, acumulou alta de 47,49% no ano e o etanol alta de 62,23%. Mas o Óleo Diesel (49,81%), o Gás de botijão (36,77%) e o Gás veicular (38,68%) também esfolaram o couro do brasileiro ao longo de 2021, segundo o INPC (Índice de preços no consumidor), que teve alta de 0,73% em dezembro, mesma variação do IPCA, e no ano fechou o ano com alta de 10,16%,

Outro destaque para o resultado do IPCA está relacionado ao grupo Habitação, que apresentou alta de 13,05%.

“A maior contribuição nesse grupo veio da Energia elétrica. Nós tivemos bandeira amarela nos quatro primeiros meses do ano, depois bandeira vermelha patamar 1, vermelha patamar 2 (cuja cobrança passou de R$ 6,243 em junho para R$ 9,492 em julho), até chegar a Bandeira de Escassez Hídrica, que está em jogo desde setembro. O agravamento da crise hídrica levou ao acionamento de bandeiras com cobranças extras e cada vez maiores, além disso, nós tivemos reajustes tarifários em várias regiões de abrangência do índice”, lembrou Kislanov .

A bandeira tarifária “Escassez Hídrica”, criada pelo governo Bolsonaro, acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Ela repassa aos consumidores brasileiros os altos custos do acionamento das caríssimas usinas térmicas que foram acionadas pelo governo – que além de cortar investimentos no setor, não tinha nenhum plano de contingência para o enfrentamento de crises hídricas no país.

Carestia dos alimentos

Em 2021, com os aumentos dos combustíveis e da energia que empurraram os custos da produção do campo (já afetado pelos problemas climáticos, como secas e geadas), a

carestia dos preços dos alimentos – um feito da política econômica de Bolsonaro – continuou castigando a alimentação das famílias, principalmente as de baixa renda, já prejudicadas pelo desemprego e a queda da renda. O que fez crescer as filas por restos de comida em caçambas e nas filas por ossinhos, com a pobreza extrema atingindo 20 milhões de brasileiros. Faltou comida e Bolsonaro ofereceu fuzil no lugar do feijão.

De acordo com o IBGE, o grupo Alimentação e bebidas acumula no ano alta de 7,94%. A alimentação no domicílio apresentou aumento de 8,24%. Entre as maiores elevações no ano, destaque para café moído (50,24%) e açúcar refinado (47,87%).

3º pior inflação do G20

O Brasil encontra-se, assim, com a terceira pior inflação do G20 (grupo que reúne os 19 países mais ricos do mundo e a União Europeia), segundo um relatório publicado nesta terça-feira (11) pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O país está atrás somente da Argentina (51,02%) e da Turquia (21,3%). Na média dos países do G20, a inflação ficou em 5,9% no acumulado em 12 meses até novembro.

Diante da inflação, com aval do governo Bolsonaro, o Banco Central elevou os juros a patamares elevadíssimos, arrochando o consumo, os investimentos e jogando mais lenha na fogueira da inflação.