Com alta dos alimentos, prévia da inflação em janeiro atinge 10,20%
A inflação do país foi de 0,58% em janeiro segundo dados prévios do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador leva em consideração a variação de preços dos últimos 15 dias do mês anterior e os primeiros 15 dias do mês atual e é considerado uma “prévia” da inflação oficial.
Com o resultado, o IPCA-15 passa a acumular alta de 10,20% em 12 meses, mostrando que 2022 começa sem nenhuma trégua para as famílias que se apertam para conseguir colocar comida na mesa e pagar as contas no fim do mês. Em dezembro, o índice prévio do IBGE já havia notado avanço de 0,78% da inflação.
Os dados de janeiro mostram que a carestia continua generalizada e disseminada para praticamente todos os grupos de produtos e serviços pesquisados. Dos nove grupos pesquisados, o único grupo que teve desaceleração em relação a dezembro foi o de Transportes, dado um breve recuo nos preços da gasolina (-1,78%), passagens aéreas (-18,21%), etanol (-3,89%) e do gás veicular (-0,26%). No caso da maior deflação, das passagens aéreas, o impacto sobre o orçamento das famílias – especialmente as mais pobres – é irrisório. A queda nos preços dos combustíveis também é insignificante considerando que a gasolina acumulou alta de 47,49% em 2021, o etanol de 62,23% e o gás veicular de 40,01%.
Veja os grupos analisados pelo IBGE:
Alimentação e bebidas: 0,97%
Habitação: 0,62%
Artigos de residência: 1,4%
Vestuário: 1,48%
Transportes: -0,41%
Saúde e cuidados pessoais: 0,93%
Despesas pessoais: 0,63%
Educação: 0,25%
Comunicação: 1,09%
Alimento e moradia
A principal pressão do IPCA-15 veio de alimentos e bebidas – também o item de maior impacto para a vida dos brasileiros e, particularmente, os de mais baixa renda. A variação de 0,97% teve grande influência da alimentação no domicílio, cujos preços
avançaram 1,03% impactados pela cebola (17,09%), frutas (7,10%), café moído (6,50%) e carnes (1,15%). A alimentação fora do domicílio também acelerou, 0,81%.
A realidade atual do país é que com os valores reajustados do salário mínimo em 2022, mais da metade abaixo da inflação ou igual a ela, os trabalhadores não conseguem nem comprar duas cestas básicas. De acordo com o levantamento mensal do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese), o preço do conjunto de itens básicos para a alimentação de uma família estava em torno de R$ 700 na maioria das capitais.
Em habitação, o maior impacto foi do aluguel residencial, com alta de 1,55%. Houve ainda alta no gás encanado (8,40%), consequência de um reajuste em São Paulo. A energia elétrica, subitem de maior peso dentro do grupo, praticamente manteve os custos que pressionaram as rendas das famílias ao longo de 2021, com desaceleração 0,03% em janeiro.