O volume de serviços prestados ao país recuou 0,6% em setembro em relação a agosto, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (12). A queda foi puxada pelos serviços de transportes, com a disparada nos preços dos combustíveis.

O resultado do setor em setembro, somado à queda da produção da indústria (-0,4%) e nas vendas no comércio varejista (-1,3%), mostra uma economia estagnada, com o agravante que tanto a indústria quanto o comércio fecharam o terceiro trimestre no vermelho, -1,1% e -0,4%, respectivamente.

O setor de serviços possui o maior peso na economia brasileira e foi bastante prejudicado pela pandemia diante das medidas necessárias para conter o avanço do Covid-19 e salvar vidas.

Apesar do boicote de Bolsonaro à vacinação e os cortes no Orçamento agravando a crise econômica, a queda no setor em setembro interrompeu uma sequência de cinco meses de variações positivas, com o avanço da vacinação e a volta das atividades econômicas mais afetadas pela crise sanitária. Dessa forma, na comparação com setembro do ano passado, houve um avanço de 11,4% e fechou o trimestre no azul (3%).

Além da inflação acelerada corroendo a renda do brasileiro, o desemprego atinge cerca de 14 milhões de brasileiros, 25,4 milhões estão vivendo de “bico” e a informalidade atinge cerca de 40 milhões de pessoas. E o trabalho precário, sem carteira assinada, não para de crescer e com renda inferior ao salário mínimo.

A inflação oficial (IPCA) subiu 1,25% em outubro, a maior taxa para o mês desde 2002, e acumula 10,67% em 12 meses. A cesta básica de alimentos já consome mais da metade de um salário mínimo e o governo Bolsonaro nada faz para conter o avanço no aumento dos preços administrados e da fome e da miséria que assolam 20 milhões de brasileiros. Situação que será agravada com o fim do auxílio emergencial lançando mais 25 milhões de brasileiros no abandono.

O botijão de gás que Bolsonaro prometeu entregar a R$ 35 chega a R$ 140, o litro de gasolina já custa R$ 8, a conta de luz está cada vez mais cara e os alimentos sendo substituídos por ossos e pelancas pelas famílias mais carentes. E dá-lhe aumento de juros, os maiores do mundo, endividando os brasileiros com os bancos e impedindo os investimentos no setor produtivo.

Diante dessa crise, o resultado não poderia ser outro e acabou frustrando alguns setores. A mediana de 25 projeções captadas pelo Valor Data projetava avanço 0,5% em setembro ante agosto.

Segundo o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, “o principal impacto negativo nessa queda do setor de serviços veio dos transportes, que foram influenciados pelas quedas no transporte aéreo de passageiros, devido à alta de 28,19% no preço das passagens aéreas, no transporte rodoviário de cargas e também no ferroviário de cargas”.

A queda do setor atingiu 4 das 5 atividades pesquisadas na passagem de agosto para setembro. A única variação positiva ocorreu nos serviços prestados às famílias (1,3%), que teve a 6ª alta consecutiva, mas o setor ainda está 16,2% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro do ano. “Esses serviços têm crescido até um ponto onde, aí sim, o efeito inflacionário pode interferir na escolha das famílias em relação ao consumo”, alertou.

Veja os resultados divulgado pelo IBGE:

1 · Serviços prestados às famílias: 1,3% · Serviços de alojamento e alimentação: 1,7% · Outros serviços prestados às famílias: zero · Serviços de informação e comunicação: -0,9%

2 · Serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC): -1,2% · Telecomunicações: -1,4% · Serviços de tecnologia da informação: -0,5% · Serviços audiovisuais: 0,8%

3 · Serviços profissionais, administrativos e complementares: -1,1% · Serviços técnico-profissionais: 1,7% · Serviços administrativos e complementares: -1,6%

4 · Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -1,9% · Transporte terrestre: -1% · Transporte aquaviário: -1,7% · Transporte aéreo: -9% · Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: 0,6%

5 · Outros serviços: -4,7%