Com 15 milhões de casos de Covid-19, EUA atinge novo recorde mundial
O número de casos de Covid-19 nos Estados Unidos superou os 15 milhões, na terça-feira (8), de acordo com o Centro de referência da Universidade Johns Hopkins, o que reitera a tenebrosa condição de país recordista mundial de infectados pelo coronavírus.
Em detalhe, na quarta-feira (9), segundo a contagem do Centro, foram 15.215.467 contágios, com um total de 287.008 mortes. Com mais de 22% dos casos mundiais, os Estados Unidos continuam sendo de longe o país mais afetado pela pandemia.
Sob o negacionismo e incompetência do governo Trump – aliás, derrotado nas urnas muito em função disso -, esses números não param de piorar. Foi o 36° dia consecutivo em que os casos diários superam o limiar dos 100.000 desde inícios de novembro.
Os casos de Covid-19 que tinham chegado a 10 milhões em 9 de novembro, cresceram cinco milhões em um mês.
As hospitalizações também aumentaram a um máximo histórico de 102.148 pacientes em 7 de dezembro, segundo The Covid Tracking Project (Projeto de Rastreamento da Covid).
O presidente eleito Joe Biden anunciou esta semana duas medidas para iniciar uma mudança de postura de parte do governo federal diante da pandemia. Anunciou que irá vacinar 100 milhões de pessoas nos cem primeiros dias de governo, e que pedirá à população que nesses cem dias use a máscara, para ajudar o país a superar o difícil inverno que o aguarda.
Ele também convocou o Dr. Anthony Fauci, principal infectologista do país, a integrar a equipe do novo governo, que aceitou prontamente. Fauci, que já serviu a governos democratas e republicanos, como o mais destacado cientista da comissão anticoronavírus da Casa Branca cumpriu como pôde, nos últimos meses, o árduo papel de contraponto ao negacionismo de Trump, fazendo o possível e o impossível para manter algum tipo de resposta federal à pandemia.
Fauci advertiu que o impacto total das reuniões e viagens pelo Dia de Ação de Graças ainda não foi sentido, apesar dos dados já terem batido novos recordes. Para as festas de Natal, ele exortou o público à contenção nas comemorações, e alertou que pode haver um “aumento do aumento” se mais pessoas viajarem e se reunirem para o Natal.
Sem uma mitigação substancial, o período de meados de janeiro pode ser um “período realmente escuro” para os norte-americanos, disse Fauci ao governador de Nova York, Andrew Cuomo, em um relatório online na segunda-feira (7).
Biden, que tomará posse no dia 20 de janeiro, conclamou a população a “aguentar e não desistir”, na medida em que a vacinação se aproxima. Espera-se para breve a autorização, ao menos para uso emergencial, das vacinas da Pfizer/BioNtech e Moderna, pela agência sanitária dos EUA, o FDA. A vacina da Pfizer/BioNtech já foi aprovada para uso na Grã Bretanha.
Fauci também se referiu às consequências da difusão do negacionismo desde as altas esferas do poder. Tendo aconselhado seis presidentes, ele disse nunca ter visto nada como isso. “O problema é que se vai a diferentes partes do país, e mesmo quando o surto é claro e os hospitais estão prestes a ser sobrecarregados, há uma proporção substancial das pessoas que ainda pensam que isto não é real, que é uma notícia falsa ou que é uma farsa”, disse o cientista.
“Temos de ultrapassar isso e nos unirmos como nação com a adesão a estas medidas de saúde pública”, enfatizou. Ele acrescentou que quando as pessoas não estão fazendo isso “é extraordinariamente frustrante, porque sentimos fortemente que vamos ser capazes de ter um impacto significativo”.
Se mantido o cenário atual – de descontrole – em 1º de abril de 2021 a estimativa, do Instituto de Métrica e Avaliação da Saúde da Universidade de Washington, é de 538.893 mortes por Covid-19 no país.
Enquanto isso, o coronavírus não poupa ninguém – nem os negacionistas mais extremados. Assim, o advogado principal da tentativa de Trump de fraudar e reverter o resultado das urnas, o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, está hospitalizado depois de dar positivo no fim de semana.
De efeito colateral – como diriam no Pentágono – seu diagnóstico levou ao fechamento de toda a legislatura do estado de Arizona por uma semana, já que ele tinha passado por lá, sem máscara, tentando convencer os parlamentares a anularem o resultado das eleições presidenciais no estado para declararem Trump vencedor, o que não deu certo, e não se sabe quantos deputados contagiou.
Na segunda-feira (7), confirmou-se que outro membro da equipe de advogados de Trump, Jenna Ellis, está com Covid-19. Com ela, somam mais de 40 integrantes do governo e da campanha eleitoral de Trump que testaram positivo desde o fim do mês de setembro.