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Milhares de manifestantes voltaram a tomar as ruas da capital, Bogotá, e das principais cidades da Colômbia, na última terça-feira, para dizer não ao pacote de retrocessos trabalhistas e previdenciários do governo de Iván Duque, também acusado pela covarde brutalidade da repressão policial e militar, e a multiplicação dos assassinatos de lideranças sociais.

Os protestos contra as medidas fascistas e neoliberais, que sacudiram Cali e Medelin, deixaram neste único dia 62 manifestantes detidos e dez feridos, entre eles um jovem gravemente golpeado por integrantes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios da Colômbia (Esmad), que resultou em múltiplas fraturas. No arsenal da polícia militar, gás lacrimogêneo, granadas atordoantes e super jatos de água, abuso desproporcional de força que apenas reforçou a resposta das ruas e o volume dos panelaços.

No centro de Bogotá, Flor Calderón, de 60 anos e proprietária de um hostal, condenou a truculência do Esmad por tentar impedir o protesto. “Isto é uma luta para vocês e para os filhos dos seus filhos, porque o país está muito mal”, destacou a senhora, que se solidarizou à luta contra o “massacre” de lideranças sociais. Além disso, ressaltou, “a educação e a saúde estão péssimas, por isso estou acompanhando estes jovens”.

Na tentativa de impedir o abuso da truculência por parte do comando de Duque, a prefeita de Bogotá, a democrata Claudia López elaborou um protocolo para evitar a violência policial durante as mobilizações, que prevê uma instância de diálogo.

Desde que foi assinado o Acordo de Paz em 2016 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colombia (Farc), a guerrilha que se converteu em partido político. No mesmo período foram assassinados 173 combatentes que depuseram as armas.

De acordo com o Instituto de Estudos para a Paz (Indepaz), a perseguição a defensores de direitos humanos e militantes de movimentos sociais levou à morte de outros 234 dirigentes apenas no ano passado. Somente nestas três primeiras semanas do ano, já somam 25 as lideranças mortas pelas milícias fascistas.

“Desde o dia 21 de novembro – quando iniciaram as manifestações – o governo se aferrou a uma posição na qual a palavra negociação ficou proibida”, condenou o presidente da Central Unitária dos Trabalhadores da Colômbia, Diógenes Orjuela. “É preciso chamar a atenção para os assassinatos de líderes sociais, que são uma coisa macabra; para os golpes ilegais do Exército; os falsos positivos – 5 mil inocentes mortos e , que reaparecem no cenário nacional; e contra a repressão e a ação do Esmad no contexto dos protestos”, disse o líder sindical.