Colômbia: oposição vence eleições parlamentares com larga margem
O Pacto Histórico venceu as eleições para Congresso da Colômbia deste domingo (13) e o economista Gustavo Petro foi o escolhido nas consultas interpartidárias candidato das suas coalizões à presidência, liderando por ampla margem as primárias.
Com mais de 99,4% dos votos apurados, a Colômbia dá um giro de 180 graus em relação a 2018, quando a direita obteve a maioria dos votos no Congresso e elegeu Iván Duque. O resultado das urnas com 16 senadores e 25 membros da Câmara de Representantes do Pacto, reflete a forte mobilização e indignação das ruas e representa de forma eloquente o amplo apoio conquistado pela coalizão das forças patrióticas e de esquerda. Ao mesmo tempo, significa um rebaixamento – de primeiro para quinto no parlamento – do partido Centro Democrático, do governo do genocida Iván Duque.
“O Pacto Histórico alcançou o melhor resultado do progressismo da história da Colômbia”, comemorou Petro, para quem chegou “a hora de dar o passo para a configuração de uma ampla frente democrática no país”, que caminhe a passos firmes rumo à plena pacificação do país. O líder oposicionista ressaltou que também agora o Congresso terá a cara da diversidade, sendo a primeira vez em 200 anos que as forças entreguistas e reacionárias não contarão com maior quantidade de cadeiras.
“Começa a mudança”
“Convidamos a sociedade de exclusão que é a maioria, mas também a classe média, aqueles que trabalham com o seu próprio esforço de forma digna. Queremos convidar toda a Colômbia. Aqui os únicos que não se encaixam são os corruptos, os genocidas”, enfatizou o candidato progressista.
Em relação ao novo modelo desenvolvimentista, Petro apontou que “a primeira decisão que vou tomar é deixar de contratar exploração de petróleo na Colômbia. É uma mensagem clara: estamos caminhando para uma economia produtiva, não extrativista”. E frisou: as atividades nacionais se concentrarão no “trabalho e no conhecimento”, como o fortalecimento da industrialização e a produção agrícola em terras férteis.
Citando o romance Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez, um dos ícones da literatura latino-americana, Petro conclamou a todos a que mantenham bem viva a memória, valorizando raízes e frutos. “Chegou à Colômbia uma bela época para viver, uma época da história, uma época em que finalmente temos, como a geração de 100 e 200 e 500 anos de solidão, uma segunda chance sob os céus da terra”, destacou.
O momento é de unidade para conquistar a vitória e a mudança, ressaltou Petro, exortando a militância do Pacto a ampliar a mobilização para vencer já no primeiro turno das eleições presidenciais, dia 29 de maio.
A história do candidato oposicionista se confunde com a do seu país. Guerrilheiro do Movimento 19 de abril (M-19), Petro foi preso, torturado e condenado pelo Exército a dois anos de prisão em 1985. Em 1987 foi liberado e voltou à guerrilha até a sua desmobilização em 1990. Venceu as eleições ao Senado em 2006 e foi prefeito de Bogotá (2012-2015), sendo o segundo colocado na disputa para a presidência em 2018.
Diante da fome, da miséria e do desemprego que se aprofundaram na gestão Duque, o programa de governo do Pacto Histórico prioriza o investimento do Estado nas áreas estratégicas da economia, o fortalecimento da educação e da saúde pública, e maior atenção à segurança, cultura, meio ambiente e, acima de tudo, o incentivo à paz.
“Hoje começa a mudança pelas urnas, depositando um voto que traga esperança e vida para a Colômbia”, concluiu Petro.