O ex-secretário de Estado Colin Powell declarou que não votará em Trump . foto - Susan Walsh

As recentes declarações de Donald Trump contrárias à Constituição aumentaram o isolamento do presidente e fizeram com que o ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, Colin Powell, integrantes da alta hierarquia militar e até mesmo do Partido Republicano manifestassem seu apoio ao candidato democrata, Joe Biden.

“Temos uma Constituição, temos de segui-la. E o presidente se afastou”, alertou Colin Powell, principal oficial militar e diplomata dos Estados Unidos em presidências republicanas. Na sua avaliação, por meio de mentiras e insultos, o atual presidente representa um verdadeiro perigo à democracia.

Condenando abertamente o tratamento de Trump aos protestos antirracismo que mobilizam os EUA desde o assassinato de George Floyd – um homem negro covardemente asfixiado por três policiais brancos – Powell acredita que “estamos em um ponto de virada”. Considera inaceitável ameaçar usar militares para reprimir os protestos e  criticou os senadores republicanos por não enfrentarem Trump, sublinhando que “ele mente sobre as coisas e se safa porque as pessoas não o responsabilizam”.

Powell, que também atuou como secretário de Estado durante o governo George W. Bush (2001-2009), também repreendeu Trump por ofender “quase todos no mundo”. “Estamos contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Estamos retirando mais tropas da Alemanha. Eliminamos nossas contribuições para a Organização Mundial da Saúde (OMS). Não estamos felizes com as Nações Unidas”, condenou.

Diante da proximidade das eleições presidenciais de novembro, Powell reiterou que não votará em Trump, a quem também não apoiou em 2016, e que dará seu voto para o democrata. “Sou muito alinhado a Joe Biden nas questões sociais e políticas. Trabalhei com ele por 35, 40 anos. E agora ele é o candidato e vou votar nele”, afirmou.

Ex-secretário de Defesa de Trump, o general aposentado Jim Mattis alertou para os esforços “deliberados” de Trump para “dividir” os Estados Unidos, buscando o atrito sem justificativa.

Os ex-chefes do Estado Maior Conjunto dos EUA, Michael Mullen e Martin Dempsey também criticaram a forma como Trump lidou com as manifestações, apostando no confronto.

A senadora republicana Lisa Murkowski assumiu que diante do conjunto de atropelos se “debatia” sobre se apoiar ou não a reeleição de Trump, enquanto o senador republicano Mitt Romney elogiou as palavras de Mattis. O New York Times informou neste sábado que até George W. Bush disse que não votaria em Trump, citando fontes próximas ao único ex-presidente republicano vivo.