Por falta de estoque, cidades atrasam segunda dose da vacina

Diante da escassez de vacinas contra o novo coronavírus no País, ao menos 870 municípios, de 22 Estados, ficaram sem estoque para aplicar a segunda dose do imunizante no prazo previsto pelo fabricante. Além disso, 675 cidades informaram também falta da primeira dose para aplicação em grupos prioritários. Os números são de pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM), realizada entre segunda e ontem.

A pesquisa ouviu 2.831 Municípios de todos os Estados entre os dias 26 e 29 de abril.

A falta de vacina para a segunda dose da imunização acontece após a orientação do governo federal de não se realizar a reserva dos imunizantes. Segundo o presidente do Fórum Nacional do Governadores, Wellington Dias (PI), o Ministério da Saúde foi informado por governadores e prefeitos da necessidade de medidas para impedir a falta de imunizantes, mas ignorou o problema.

Segundo Dias, o antecessor de Queiroga, Eduardo Pazuello, foi avisado pelos governadores sobre o buraco no calendário de entrega das vacinas do mês de abril, mas, ainda assim orientou que não fosse realizada a reserva das vacinas para a aplicação da segunda dose.

“Foi graças ao esforço do Butantan, de São Paulo e de entendimentos que tivemos com governo e embaixada da China que tivemos a liberação dos dois lotes que vão, mesmo com atraso, assegurar a segunda dose para muitos Estados e municípios”, disse Dias.

De acordo com o governador do Piauí, só agora, já com o problema grave de falta de 2ª doses da CoronaVac e com a paralisação da 1ª aplicação em muitos lugares, é que foi feita uma agenda do governo central. “Fomos acusados primeiro por estar armazenando a segunda dose. E o desastre não é maior na falta de segunda dose pelo planejamento de muitos Estados e municípios”.

O estudo enfatizou o risco iminente de faltar medicamentos do chamado “kit intubação”, sendo que essa ainda é uma preocupação para 641 Municípios. A pergunta vem sendo feita desde a primeira edição da pesquisa, realizada de 23 a 25 de março, quando 1.316 gestores locais afirmaram enfrentar esse risco.

A CNM destaca ainda, que apesar da queda, a situação ainda é crítica diante dos impactos que pode trazer ao tratamento das pessoas em estado grave. Nesta semana, a falta de oxigênio pode atingir 223 Municípios. Em março, esse número era 709.

Sobre a falta de imunizantes para a segunda dose, o Ministério informou que adotará uma logística emergencial para normalizar a situação: o envio diário de parte de doses aos Municípios com falta do imunizante para completar o esquema vacinal.

Nesta semana, o levantamento também perguntou aos gestores se os recursos financeiros para a Saúde (fundo a fundo) de 2021 eram maiores do que os repassados pelo governo nos primeiros quatro meses do ano passado. Cerca de 57% dos Municípios afirmaram que houve redução nos repasses. Já 17% apontaram um aumento e 26% não souberam responder.