Foto Miguel Ângelo-CNI

Os Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI) do mês de agosto, divulgados na terça-feira, 1 de outubro, demonstram que os resultados do setor na comparação interanual e no acumulado do ano estão todos negativos para os cinco indicadores da pesquisa.
O faturamento real da indústria a nível nacional (deduzido o efeito da inflação) em agosto de 2019 em relação a agosto de 2018 sofreu uma queda de -5,7%. De janeiro a agosto deste ano, o faturamento ficou negativo em -1,9% sobre o mesmo período do ano passado.
As horas trabalhadas na produção na comparação com agosto do ano passado tiveram um redução de -1,3%. No acumulado do ano, recuou -0,2%.
O indicador de emprego manteve-se em queda em ambas as comparações: -0,2% em relação a agosto do ano passado e -0,2% no acumulado do ano.
A massa salarial real (a soma de todos os salários pagos aos trabalhadores) e o rendimento médio real (habitualmente recebido em todos os trabalhos pelos que estão empregados), ambos calculados excluindo o efeito da inflação, completam a análise dos indicadores. Na comparação com agosto do ano passado, a massa salarial dos trabalhadores da indústria recuou -1,2% e caiu -1,7% no acumulado durante os oito meses de 2019 na comparação com igual período do ao passado. O rendimento médio de agosto de 2019 é 0,9% inferior ao pago no mesmo mês de 2018, enquanto o acumulado entre janeiro e agosto de 2019 é 1,5% inferior ao registrado em igual período do ano passado.
Na comparação com julho, o mês de agosto apresentou resultados positivos, ainda que bem próximos de zero, no faturamento real (0,6%); nas horas trabalhadas na produção (0,6%) – após três meses seguidos de queda- e no emprego (0,1%). A massa salarial e o rendimento médio real, por sua vez, mostraram queda: -0,7% e -0,4%, respectivamente.
Nesse quadro desolador, ainda que a atividade do setor tenha registrado uma pequena melhora em agosto em relação ao mês de julho, “a indústria continua a registrar índices de atividade próximos ao observados no fraco ano de 2018”, diz a CNI.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI), com correção do ajuste sazonal, foi de 78,1% em agosto, 0,2 ponto percentual inferior à registrada em agosto de 2018.
Marcelo Azevedo, economista da CNI, considera que o resultado da indústria em 2019 dificilmente irá se descolar muito do que foi o ano 2018. Lembra que “a indústria ainda tem estoques em excesso e não há expectativa que a demanda se acelere muito até o fim do ano, limitando o ritmo de atividade do setor”.
O início do governo Bolsonaro foi bastante festejado pelo mercado financeiro. O primeiro boletim Focus do Banco Central, seu principal porta voz, em janeiro previa um crescimento de 2,53% do PIB para o ano, recentemente revisado para no máximo 0,9%.
Os indicadores da CNI, assim como do IBGE divulgados na mesma data, vão mostrando que o aprofundamento das políticas neoliberais tem produzido apenas os efeitos contrários ao crescimento da indústria e da economia.