Os sucessivos aumentos nas taxas de juros vêm prejudicando as empresas que já enfrentam a falta e os preços elevados de matérias-primas.

No segundo trimeste deste ano, ao longo das últimas cinco Sondagens Industriais da Confederação Nacional da Indústria, a preocupação com as elevadas taxas de juros do Banco Central aumentou, impedindo o acesso ao crédito e investimentos das empresas.

“O acesso ao crédito apresentou piora no trimestre, passando de 42,0 pontos para 41,1 pontos. O índice revela que as empresas ainda encontram dificuldade em obter crédito. Essa percepção ocorre em função do atual contexto, em que há sucessivos aumentos das taxas de juros, que contribuem para piorar as condições de acesso ao crédito para os empresários industriais”, assinala a CNI, ao divulgar os indicadores industriais de junho.

A entidade consultou 1.853 empresas, sendo 730 de pequeno porte, 660 de médio porte e 463 de grande porte, entre 1° e 11 de julho de 2022.

Segundo a CNI, “as menções sobre dificuldades de acesso a insumos têm caído, ao mesmo tempo que sobe a preocupação com a alta das taxas de juros. O problema teve um aumento nas assinalações neste trimestre de 3,5 pontos percentuais. Na comparação com o primeiro trimestre de 2021, o percentual aumentou 16,7 pontos e se tornou o maior desde o quarto trimestre de 2016, quando foi assinalado por 27,9% dos respondentes”.

“Essa percepção por parte dos empresários permanece relacionada ao cenário econômico do país, a medida que o Banco Central continua fazendo reajustes consecutivos na taxa Selic para combater a inflação. A taxa básica de juros vem sendo elevada desde março de 2021 e, desde dezembro, a taxa real se encontra em patamar que inibe a atividade econômica”, segundo o gerente e Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

A elevação das taxas de juros pelo BC, a pretexto de controlar a inflação, não só não reduziu a disparada nos preços, como jogou lenha na fogueira de uma economia estagnada. Os preços continuam a subir, o desemprego segue elevado e a renda caindo.

Segundo a CNI, a produção industrial apresentou “estabilidade” em junho de 2022 frente ao mês anterior. O índice de evolução da produção registrou 50,1 pontos, muito próximo da linha divisória dos 50 pontos. Menos que 50 pontos, significa queda.