Cartão de crédito foi apontado em primeiro lugar como um dos principais tipos de dívida por 78,8% das famílias endividadas.

O endividamento das famílias brasileiras aumentou pelo sexto mês consecutivo e atingiu em junho o maior patamar desde junho de 2013, segundo Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O percentual de famílias que relataram ter dívidas entre cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro alcançou 64,0% em junho de 2019, o que representa uma alta em relação aos 63,4% observados em maio de 2019.
Houve aumento também na comparação com o mesmo período do ano passado. Em junho de 2018, eram 58,6% as famílias endividadas.
Segundo a pesquisa da CNC, entre os meses de maio e junho, a proporção das famílias que se declararam muito endividadas aumentou de 12,9% para 13,0% das famílias. Assim como também aumentou a parcela das famílias mais ou menos endividadas, de 22,4% para 23,1%. Nas famílias que se declararam pouco endividadas, a alta foi ainda maior, na comparação com o mês de maio, de 23,2% para 27,6% das famílias.
O cartão de crédito continua disparado em primeiro lugar como um dos principais tipos de dívida por 78,8% das famílias endividadas.
Com o desemprego crescente e ou a renda achatada, muitas famílias recorrem ao cartão de crédito para comprar produtos de primeira necessidade como alimentos e remédios, acreditando que vão conseguir quitar a dívida na próxima fatura. Muitos só conseguem pagar o mínimo do cartão, que logo vira uma bola de neve com a cobrança de juros extorsivos sobre juros extorsivos, comprometendo uma parcela razoável da renda do cidadão.
Como disse o senhor João Antenor, de 57 anos, funcionário em uma empresa no centro da capital paulista: “hoje, uso o meu cartão para comprar comida e pagar a gasolina para trabalhar. Não compro uma roupa, um sapato, ou qualquer bem para a minha família”.
Segundo o Banco Central, as taxas de juros médias cobradas pelas instituições financeiras no cartão de crédito rotativo atingiu 299,8% ao ano em maio. É o maior patamar desde maio de 2018 (303,6% ao ano).
A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) é apurada mensalmente pela CNC desde janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores.