Últimas homenagens a Desmond Tutu ocorreram na Catedral de St. Georges, na Cidade do Cabo

As cinzas do arcebispo Desmond Tutu, herói nacional da África do Sul contra o apartheid e prêmio Nobel da Paz, foram depositadas neste domingo (2) na catedral de São Jorge, sua antiga paróquia da Cidade do Cabo, um dia após o seu funeral. O religioso anglicano morreu no dia 26 de dezembro, aos 90 anos, e era tido como “bússola moral da nação”.

Sua viúva, conhecida como Mama Leah, compareceu à discreta cerimônia, como ele havia desejado. Do caixão simples de pinho com alças de corda, enfeitado com um único ramo de cravos brancos, o corpo do líder foi retirado para ser reduzido a pó por aquamação, método de cremação por água, considerado ecologicamente correto.

Entre outros, estiveram presentes a viúva do último presidente branco do país, Frederik Willem de Klerk, cujo marido também faleceu recentemente; o próprio presidente Cyril Ramaphosa; a ex-presidente irlandesa Mary Robinson e a viúva de Nelson Mandela, Graça Machel.

A menos de um quilômetro dali pessoas acompanharam o funeral em uma telona na rua, cena que se repetiu em casas e bares de todo a África do Sul.

Tutu ou “papai” surgiu nos piores anos do regime racista abolido em 1991, organizando marchas pacíficas contra a segregação racial e atos em defesa de sanções internacionais contra o regime branco de Pretória. Após a eleição de Mandela, em 1994, presidiu a Comissão da Verdade e da Reconciliação.

Ativista pelos direitos humanos, o arcebispo colocou sua voz contra a ocupação do território palestino por Israel, pressionou o Reino Unido para que negociasse com a Argentina sobre a soberania das Ilhas Malvinas, alertou para o risco das mudanças climáticas e defendeu os direitos dos homossexuais, debatendo assuntos de relevância mundial.