Cientistas criticam plano inglês de relaxar combate à Covid no Natal
Amparado em duas conceituadas revistas científicas, o Sindicato dos Médicos Hospitalares do Reino Unido condenou o “plano kamikaze” apresentado pelo governo de Boris Johnson para o combate à pandemia durante o período de Natal.
Na avaliação da entidade, a decisão de suavizar as restrições em vigor e permitir a incorporação de até três agregados às famílias ao encontro das festas natalinas – entre os dias 23 e 27 de dezembro – multiplicará a transmissão da Covid-19, colapsando a rede hospitalar.
O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, também se somou à pressão, solicitando ao primeiro-ministro que reavalie muito bem os próximos planos, já que o número de mortos alcança 65 mil e a propagação beira 1,9 milhão de casos. A Inglaterra perdeu o maior número de vidas, 56.747, seguida pela Escócia, 4.135; País de Gales, 2.891 e Irlanda do Norte, 1.135.
Extremamente conceituadas, a British Medical Journal e Health Service Journal alertaram que, caso prossiga na autorização de permitir o convívio em espaços fechados entre pessoas que não vivam juntas, ou a viagem para outras regiões, o governo será diretamente responsável por mortes.
A projeção dos profissionais é de que serão 19 mil doentes com coronavírus nos hospitais ingleses, o mesmo número do pico da primeira onda, de abril, uma situação “muito muito perigosa e precária, colapsando o Serviço Nacional de Saúde (NHS)”. “Acreditamos que o Governo está prestes a cometer outro erro enorme, que irá custar muitas vidas”, afirmaram.
“Quando o Governo fez os atuais planos de permitir a junção de agregados no Natal, partia do princípio de que a pressão de doentes com Covid-19 estava diminuindo. Mas não, está aumentando, e o surgimento de uma nova variante do vírus introduziu novos perigos”, alertaram. Em um século, este foi apenas o segundo editorial conjunto na história das duas renomadas publicações.
A nova cepa do vírus se multiplica numa velocidade ainda maior, declarou o ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, alertando que mais de mil casos da doença apareceram nos últimos dias. A OMS (Organização Mundial da Saúde) foi notificada e cientistas já estudam a nova cepa.
O sistema de saúde britânico não está conseguindo fazer as cirurgias programadas e tratamentos necessários. “A inação vai fazer com que haja doentes que morram sem necessidade e milhares de casos críticos ficarão sem tratamento”, alertou Claudia Paoloni, do Sindicato dos Médicos.
Cerca de 140 mil pessoas já foram vacinadas nesta quarta-feira com a vacina da Pfizer e BioNTech, informou Nadhim Zahawi, o ministro responsável pela campanha de vacinação. Após uma nova disparada nos contágios, apenas duas semanas depois de ter saído do segundo confinamento, nesta quarta-feira, hotéis, restaurantes e locais de entretenimento tiveram que voltar fechar as portas.