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Parlamentares do PCdoB reagiram com indignação ao corte de R$ 600 milhões no orçamento da ciência e tecnologia promovido pelo governo Bolsonaro para este ano. Entidades da área acadêmica apelam aos deputados e senadores para trabalharem pela reversão da situação e dizem que o que está em questão é a “sobrevivência da ciência e da inovação no país”.

O próprio ministro do setor, Marcos Pontes, criticou a ação de Bolsonaro e do seu ministro da Economia, Paulo Guedes, e cogitou deixar o cargo. “Falta de consideração. Os cortes de recursos sobre o pequeno orçamento de Ciência do Brasil são equivocados e ilógicos. Ainda mais quando são feitos sem ouvir a comunidade científica e setor produtivo. Isso precisa ser corrigido urgentemente”, postou ele no Twitter.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado federal Renildo Calheiros (PE), Bolsonaro comete um crime ao retirar recursos da Pasta. “O governo federal mandou cortar R$ 600 milhões no orçamento da Ciência. Veja que crime comete Bolsonaro em plena pandemia. A falta de recursos ameaça programas, como o financiamento do Centro Nacional de Vacinas. O que o ministro da Ciência e Tecnologia chama de “falta de consideração”, eu chamo de absurdo, incompetência, negligência e coisa pior. Financiar a inovação para promover o desenvolvimento econômico e social do país definitivamente não é o objetivo de Bolsonaro. Com o corte, o governo prejudica e impede iniciativas de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)”, pontuou o líder.

Os vice-líderes da legenda na Câmara, deputados federais Orlando Silva (SP) e Daniel Almeida (BA) também repudiaram o corte. Orlando enfatizou que o absurdo é tamanho que o próprio ministro chegou a criticar o governo. “Paulo Guedes tem mais dinheiro na conta em paraíso fiscal do que deixou para o CNPq”, disse.

Já Daniel, além de pontuar a insatisfação do próprio Marcos Pontes, se solidarizou com os cientistas e a luta pela recuperação dos recursos. “O corte de 90% na Ciência é tão absurdo, que até o próprio ministro da Ciência e Tecnologia declarou insatisfação. Eu me somo às manifestações dos cientistas de todo o Brasil contra essa ação nefasta e descabida. Tira a tesoura da mão, Bolsonaro, e investe na educação”, disse.

Mobilização

A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), entidade máxima de representação dos pós-graduandos brasileiros, convocou os associados e cientistas brasileiros a se somarem em uma paralisação nacional no próximo dia 20, integrando o Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Ciência, para que essa situação seja imediatamente revertida

A entidade também encaminhou uma resposta a Marcos Pontes. “Pois é, ministro. Esse desgoverno sabota a Ciência. O ministro da Economia tem dinheiro para distribuir trator superfaturado, mas não para pagar as bolsas de estudo dos pesquisadores. Tem mais dinheiro na offshore do Paulo Guedes do que na conta do CNPq”, criticou.

“O Ministério da Economia cortou 92% dos recursos da ciência! O valor seria destinado a projetos científicos, bolsas e ao CNPq. Com essa medida, o governo Bolsonaro decretou o fim da produção de ciência no Brasil, não podemos aceitar!”, reagiu na rede social a União Nacional dos Estudantes (UNE).

Por Iram Alfaia

 

(PL)