Chuva de quase 500 mm inundou o Sul da Bahia

As chuvas no sul da Bahia deixaram sete mortos, 21 mil desabrigados e afetaram diretamente a vida de quase 220 mil pessoas, segundo a Defesa Civil do Estado. O número de feridos chega a 175. Em Minas Gerais, que também sofre com as enchentes, duas pessoas morreram na última semana.

As enchentes no sul baiano e no norte de Minas foram provocadas por um ciclone extratropical formado na costa sul do país, onde as chuvas chegaram a gerar 450 mm de chuvas no extremo sul da Bahia no meio da semana.

Ainda segundo a Defesa Civil da Bahia, as chuvas deixaram 3.744 pessoas desabrigadas e outras 6.742 desalojadas, as mais de 10 mil pessoas tiveram de deixar suas casas, mas no caso dos desabrigados os cidadãos necessitam de assistência do governo para ter uma moradia temporária.

Segundo o governo baiano, ao menos três estradas foram interditadas, duas barragens foram rompidas e diversas pontes destruídas. Algumas obras de reconstrução já foram iniciadas.

Em Minas Gerais, foram registradas ao menos duas mortes em decorrência das chuvas, de acordo com o último boletim da Defesa Civil, divulgado neste domingo. Os óbitos foram registrados nos municípios de Engenheiro Caldas e Pescador, ao norte do estado, entre os dias 9 e 10 deste mês.

Segundo a Defesa Civil de Minas, desde a última quarta (8), ao menos 28 cidades e mais de 15 mil pessoas foram impactadas pelas chuvas, em maior ou menor intensidade. Entre elas, quase 2.000 ficaram desabrigadas.

O número de desabrigados pelas fortes chuvas em Minas quintuplicou no último sábado (11). Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, 1.979 pessoas no estado perderam suas casas por conta dos temporais.

O governador Romeu Zema (Novo) decretou situação de emergência em 31 cidades afetadas pelas chuvas dos últimos dias nos vales do Jequitinhonha e do Mucuri, conforme a publicação no Diário Oficial de Minas Gerais da última sexta-feira (10).

O governador da Bahia Rui Costa (PT) realizou, desde as primeiras horas da manhã deste domingo (12), uma série de visitas e sobrevoos às principais localidades atingidas pelas fortes chuvas no Sul da Bahia.

Rui Costa acompanhou os danos causados aos municípios e o trabalho da força-tarefa mobilizada pelo Governo do Estado, que segue atuando na região.

“Vamos, a partir de agora, progressivamente, com a redução da água, iniciar a recuperação das cidades e a reconstrução de muitas casas para quem perdeu suas residências. Vamos atuar para minimizar os danos causados. Amanhã [segunda], vamos fazer uma grande reunião com órgãos e secretarias estaduais para deliberar novas ações”, explicou o governador quando já visitava o Posto de Comando Estadual da força-tarefa, em Itamaraju.

Rui também fez questão de registrar o agradecimento a todos que estão envolvidos no trabalho de socorro aos municípios. Além do apoio para recuperação e reconstrução das cidades, o governador afirmou que deve anunciar, nos próximos dias, a abertura de linha de crédito para apoiar a recuperação de comerciantes dos municípios atingidos.

“Vamos conversar com a Secretaria da Fazenda e ver qual o apoio que podemos dar para o comércio. Vou me reunir também com a Desenbahia para avaliar uma linha de crédito para essas cidades onde os comerciantes perderam tudo, para que eles possam recomeçar”.

Também acompanhando os trabalhos ao lado do governador, o senador Jaques Wagner (PT-BA) avaliou os estragos e reforçou a necessidade de medidas do Governo Federal na recuperação das cidades.

“Foi um desastre em que as perdas foram muito grandes e, infelizmente, essas tragédias sempre acabam afetando mais as pessoas mais simples. Muita gente perdeu tudo que tinha. Vamos buscar rapidamente que sejam disponibilizadas verbas para socorrer essas pessoas. Espero que o Governo Federal também se manifeste, até porque é sua obrigação numa emergência como essa”.

Bolsonaro

Após o sobrevoo nas áreas atingidas pelas fortes chuvas, em Bahia e Minas Gerais, Jair Bolsonaro realizou uma coletiva de imprensa e comparou a situação enfrentada por cidades baianas e mineiras em consequência das chuvas às medidas restritivas estabelecidas por governadores e prefeitos em virtude da Covid-19. Segundo o mandatário, o fenômeno é tão grave quanto os lockdowns.

A comparação foi feita por Bolsonaro após uma repórter perguntar sobre as ações do governo para ajudar as famílias atingidas pelo desastre natural. Antes de direcionar a palavra ao ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, coordenador das ações na região, Bolsonaro afirmou: “Também tivemos uma catástrofe no ano passado, quando muitos governadores, pessoal da Bahia fechou todo o comércio e obrigou o povo a ficar em casa. O povo, em grande parte, informais condenados a morrer de fome dentro de casa”.

Além do sobrevoo, Bolsonaro fez um desfile numa picape por Itamaraju, umas das cidades atingidas, e transmitiu o passeio em suas redes sociais.

O governador baiano disse que não tem “tempo para politicagem barata”. “O momento é de solidariedade, de arregaçar as mangas e trabalhar para amenizar o sofrimento do povo do Extremo Sul”, afirmou Rui Costa.