Chomsky repudia “provocações” de Washington contra a China
O destacado linguista norte-americano, Noam Chomsky, criticou os discursos do presidente Joe Biden que retratam a China como uma “ameaça”, e instou os Estados Unidos a que parem com a política agressiva de lançar as mesmas “provocações” ao país oriental que os governos norte-americanos vêm usando há décadas.
Em um comentário em vídeo para o portal Democracy Now! No início desta semana, Chomsky disse que Biden só se preocupou em eliminar os elementos mais “grosseiramente gratuitos” das políticas de seu antecessor, Donald Trump, mas registrou que o atual presidente continua um perigoso confronto político contra a China que não conduz a lugar nenhum.
Chomsky assinalou que o antagonismo dos Estados Unidos em relação à China é simplesmente motivado pelo fato de que a emergente potência asiática não pode ser controlada por Washington.
“Os Estados Unidos não toleram a existência de um Estado que não podem intimidar como o faz com a Europa, que obedece a todas as suas ordens, mas que segue o seu próprio curso. Essa é a ameaça”, denunciou o intelectual, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
“Se os Estados Unidos apóiam a guerra terrorista israelense contra o povo de Gaza, onde crianças estão sendo envenenadas: um milhão de crianças correm o risco de ser envenenadas porque não há água potável … isso não é uma ameaça? É um crime hediondo”, sublinhou.
Guerras dos EUA
Democracy Now! observou que outros críticos da política externa dos EUA notaram que, embora a China não tenha começado nenhuma guerra por mais de uma geração, os Estados Unidos invadiram, bombardearam ou ocuparam mais de uma dúzia de nações desde os anos 1980.
Nesse sentido, Chomsky chamou de “risível” postura do governo Biden, mesmo com a desproporção entre o poderio armamentista chinês em relação aos Estados Unidos, que possui milhares de armas nucleares e um orçamento militar maior do que o de 10 países juntos.
“Um submarino dos EUA pode destruir quase 200 cidades em qualquer lugar do mundo com suas armas nucleares. A China tem quatro submarinos no Mar da China Meridional que não podem nem sair da área porque os Estados Unidos e seus aliados os impedem”, disse, considerando que Pequim não se dispõe a enfrentar os EUA no terreno armado.
“Os Estados Unidos estão enviando uma frota de submarinos nucleares para a Austrália. Esse é o acordo da AUKUS – Austrália, Reino Unido, Estados Unidos – que não tem nenhum propósito estratégico, mas incitam a China a aumentar suas forças militares, aumentando o nível de confronto”, considerou Chomsky, ponderando que “se consideram que há problemas no Mar da China Meridional, eles podem ser enfrentados com diplomacia e negociações”.