Riot police (background) look on as people take part in a march from the Tsim Sha Tsui district to Hung Hom in Hong Kong on December 1, 2019. - Tens of thousands of black-clad protesters flooded into the streets of Hong Kong on December 1, ending a brief election lull and demanding the government make concessions after pro-democracy candidates won a landslide victory. (Photo by Nicolas ASFOURI / AFP)

A China anunciou na segunda-feira (2) que navios de guerra e aeronaves militares dos EUA não terão permissão para visitar Hong Kong, na primeira das contramedidas anunciadas na semana passada, depois de o Congresso dos EUA aprovar a assim chamada lei de ‘Direitos Humanos e Democracia de Hong Kong’, já assinada pelo presidente Donald Trump.

“Exortamos os EUA a corrigirem os erros e pararem de interferir em nossos assuntos internos. A China adotará medidas adicionais, se necessário, para manter a estabilidade e a prosperidade de Hong Kong e a soberania da China”, disse a porta-voz da chancelaria, Hua Chunying.

A lei doméstica dos EUA tem a pretensão de submeter Hong Kong à jurisdição de longos braços de Washington, com os parlamentares norte-americanos se autoconferindo a capacidade de decidir se o porto chinês está fazendo ou não o que os EUA querem, sob pena de sanções, o que será votado anualmente.

A China também anunciou sanções contra organizações de fachada dos EUA, financiadas pelo governo de Washington e usadas acintosamente para interferir em Hong Kong, a mais notória delas a National Endowment for Democracy (NED), criada por Reagan e cujo fundador disse em 1991, celebremente, que fazia abertamente “o que era feito secretamente pela CIA há 25 anos”.

Segundo o jornal chinês em língua inglesa, Global Times, as medidas mostram a determinação de Pequim de barrar aqueles que interferem ilegalmente em Hong Kong.

As visitas de militares dos EUA ao porto eram costume desde os tempos de colônia britânica, mantido por Pequim depois de 1997. Após observar que as forças armadas dos EUA podem se sentir “incomodadas” já que tradicionalmente param em Hong Kong, o GT sugere que discutam o caso com “a Casa Branca e o Congresso dos EUA”.

Como registrou o GT, por causa de “um país, dois sistemas”, os EUA podem exercer alguma influência em Hong Kong. “Mas Washington não deve ter a ilusão de que pode transformar a influência em jurisdição sobre Hong Kong e fazer da cidade sua esfera de influência”.

O jornal acrescentou que as medidas anunciadas são “leves”, mas que poderá haver outras mais duras, se necessário. É a primeira vez que a China impõe abertamente sanções às ONGs norte-americanas, o que não implica que Pequim pense que os distúrbios em Hong Kong foram causados exclusivamente por fatores externos. Mas – acrescenta a publicação – certas forças dos EUA exerceram “um impacto perturbador”.

O jornal chinês assinala ainda que as contramedidas anunciadas enviaram “um sinal claro às forças extremistas de Hong Kong de que não deveriam contar com forças externas para ditar a situação de Hong Kong”.

A cidade “faz parte da China e nenhuma força pode mudar ou enfraquecer essa realidade”. A China tem “capacidade abundante” para adotar medidas difíceis quando necessário para impedir que as forças externas causem danos reais à soberania da China, salientou.

O Global Times também lembrou aos distraídos que “o Exército de Libertação Popular está estacionado em Hong Kong”. Como sinalizou, Hong Kong, sob o domínio da China, conecta a China e o Ocidente. “Se os EUA querem ampliar a comunicação por meio de Hong Kong, damos as boas vindas. Mas se Washington quer abandonar essa plataforma, que assim seja”. “Nenhuma força deve ponderar a ideia de minar a soberania da China sobre Hong Kong, seria um beco sem saída”, conclui.