Para o embaixador chinês, Zhang Jun, a crise torna necessário “um mecanismo de segurança europeu negociado”

Na reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) realizada na quinta-feira (17) para marcar o sétimo aniversário dos Acordos de Minsk, o embaixador da China, Zhang Jun, afirmou que sua “implementação completa e efetiva” por todas as partes envolvidas é a solução para a crise na Ucrânia.

Foi nessa mesma reunião que o Secretário de Estado Anthony Blinken tentou transformar o CS em um palco para açular as tensões na Ucrânia.

“Os acordos de Minsk são reconhecidos por todos como um documento político fundamental e vinculante para a solução da questão da Ucrânia, e foram aprovados por unanimidade pela Resolução 2202 do Conselho de Segurança”, destacou Zhang.

O representante chinês observou que lamentavelmente até o momento “a maioria das disposições dos acordos ainda não foram realmente implementadas” e novas violações de cessar-fogo ocorreram. “A China acredita que o esforço para resolver a questão da Ucrânia deve, afinal, voltar ao ponto de partida, ou seja, a implementação dos acordos de Minsk”.

Quanto às tensões na fronteira oriental da Ucrânia, a China exortou todas as partes envolvidas a aderir à direção geral da solução política e abster-se de qualquer ato que possa provocar tensões ou aumentar a crise. Zhang saudou, ainda, o recente compromisso diplomático entre a Federação Russa com a França, a Alemanha e outros países europeus ao nível dos líderes.

Ele assinalou que “um mecanismo de segurança europeu negociado, equilibrado, eficaz e sustentável servirá de base sólida para uma paz e estabilidade duradouras em toda a Europa”.

Zhang também chamou os países europeus a tomarem decisões com autonomia estratégica em consonância com seus próprios interesses e destacou a declaração do secretário-geral Antonio Guterres de que “não há alternativa à diplomacia e que todas as questões, incluindo as mais intratáveis, podem e devem ser abordadas e resolvidas”.

Zhang registrou que não há como negligenciar a ampliação da Otan ao lidar com as atuais tensões relacionadas à Ucrânia. “A expansão contínua da Otan na sequência da Guerra Fria vai contra a tendência dos nossos tempos, ou seja, manter a segurança comum. A segurança de um país não pode ser à custa da segurança de outros”.

O embaixador chinês assinalou ainda que “a segurança regional não deve depender da mobilização ou mesmo da expansão de blocos militares”. “Isto se aplica tanto à região europeia como a outras regiões do mundo”, enfatizou.

Sem nomear os EUA, Zhang disse que “há um país que se recusa a renunciar à mentalidade da Guerra Fria”. “Diz uma coisa e faz outra, para buscar a superioridade militar absoluta. Na região da Ásia-Pacífico, ele vem criando pequenos grupos trilaterais e quadriláteros, empenhados em provocar confrontos”.

Para Zhang, o que [‘esse país’] está fazendo “só irá lançar a Ásia-Pacífico em divisão e turbulência, e ameaçar seriamente a paz e a estabilidade da região em detrimento dos países da região, sem obter nada para si”.

“A China insta os países envolvidos a aprenderem com a história, aderirem à noção de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável, aderirem à abordagem de aumentar a confiança mútua e resolver disputas por meio do diálogo e da consulta, e fazerem mais para contribuir para a paz mundial e estabilidade”, concluiu.