Centro tecnológico de Jiuquan registra o "avanço chinês na pesquisa com naves reutilizáveis” | Foto: Xinhua

Em novo avanço do programa espacial chinês, sua nave reutilizável experimental retornou com sucesso à Terra, após dois dias em órbita, anunciou neste domingo (6) a Xinhua.

O voo “marca um avanço importante na pesquisa de nosso país sobre naves espaciais reutilizáveis”, que prometem uma “maneira mais fácil e barata” de chegar ao espaço, destacou a agência de notícias chinesa.

A nave pousou conforme previsto no Centro Espacial de Jiuquan, no deserto de Gobi, após ser lançada de lá na sexta-feira por meio de um foguete Longa Marcha 2F.

Segundo a Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China, o objetivo do teste foi “prover suporte tecnológico na exploração pacífica do espaço”. A mídia chinesa ainda não publicou qualquer foto da nave, cujo tamanho e forma ainda são desconhecidos.

O novo sucesso reitera o avanço da China na tecnologia de ponta em relação ao espaço sideral. Em julho, a China enviou rumo a Marte a missão Tianwen-1 (“Perguntas ao céu-1”), integrada por um orbitador de observação, que girará em torno do planeta vermelho, um módulo de aterrissagem e um jipe robotizado operado por controle remoto, encarregado de analisar o solo marciano.

A chegada a Marte está prevista para fevereiro de 2021, após percorrer aproximadamente 55 milhões de km.

O nome da missão, “Tianwen-1″, homenageia um antigo poema chinês sobre astronomia. Equipado com quatro painéis solares, o jipe robotizado de seis rodas pesa mais de 200 quilos, de acordo com blogs chineses.

Segundo o engenheiro-chefe da sonda, Sun Zezou, o artefato deve permanecer em atividade em Marte por cerca de três meses. O lançamento foi feito desde o centro espacial de Hainan, no sul. As missões incluem análises do solo e da atmosfera, fotografia, mapeamento do planeta vermelho e busca por possíveis vestígios de formas de vida.

A China acaba, também, de terminar em junho a constelação de satélites de seu sistema de navegação Beidu, concorrente do norte-americano GPS.

Maior economia do mundo por paridade de poder de compra, a China tem investido pesadamente em seu programa espacial, cuja maior façanha foi o envio em 2019 de um pequeno robô teleguiado (‘Coelho de Jade’) à face oculta da Lua, um fato inédito.

A Chang’e 4, que leva o nome de uma antiga deusa da Lua chinesa, pousou às 10h26 no horário chinês (00h26, horário de Brasília) após ter sido lançada no sábado (29/12) do Centro Espacial de Xichang, no sul do país, tornando a China o terceiro país do mundo a consegui-lo.

Para viabilizar a transmissão dos dados para a Terra, um orbitador, o Queqiao, funcionou como um ‘espelho’ entre a Chang’e4 e o centro de controle. As fotos da superfície lunar tiradas pelo jipe teleguiado Yutu são consideradas as melhores já registradas.

As sondas Chang’e-1 (2007) e 2 (2010) apenas orbitaram a Lua, mas realizaram extenso mapeamento do satélite natural, preparando os pousos das naves seguintes.

Outro feito chinês foi o sobrevôo de um asteróide (o 4179 Toutatis), o que fez da China a quarta do mundo a consegui-lo, após os EUA, a União Europeia e o Japão.

A primeira missão tripulada chinesa ocorreu em 2003, com uma nave Shenzhou, com novos voos se sucedendo, com até três tripulantes a bordo, caminhadas no espaço e acoplagens de naves.

A China denominou seus homens no espaço sideral de “taikonautas”, em contraposição aos “cosmonautas” russos e aos “astronautas” norte-americanos.

Com o sucesso da Shenzhou 5 em 2003, que levou ao espaço o primeiro taikonauta, a China formalmente solicitou adesão à Estação Espacial Internacional. Inclusive as naves chinesas tinham sido projetadas para permitir a acoplagem à ISS.

Mas o pedido sofreu enorme oposição de Washington, levando Pequim a anunciar a decisão de construir sua própria estação espacial e de entabular programas conjuntos com a Rússia e a União Europeia no domínio espacial.

O desdobramento disso foi o lançamento do laboratório orbital ‘Tiangong 1’ (Palácio Celestial, em chinês), com acoplagens realizadas pela Shenzhou 9 (2012) e Shenzhou 10 (2013). Desativado o Tiangong 1, em 2016, o segundo laboratório espacial chinês, Tiangong 2, recebeu a Shenzhou 11. A China prepara seu projeto de estação espacial maior, com vários módulos.

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