China: “não se pode apoiar a paz enquanto enche a Ucrânia de armas”
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, afirmou durante uma conversa telefônica com Emmanuel Bonne, principal conselheiro diplomático do presidente francês Emmanuel Macron, que “não se pode apoiar negociações de paz na Ucrânia e, ao mesmo tempo, enviar armas a esse país”.
“A China busca que um cessar-fogo seja alcançado o mais rápido possível e que a paz retorne, e estamos trabalhando incansavelmente para alcançar esse objetivo à nossa maneira. Porém, acreditamos que todas as partes envolvidas devem criar as condições necessárias para promover as negociações de paz em vez de jogar mais lenha na fogueira”, disse Wang durante a conversa, segundo a Agência Xinhua.
“O que não pode ser feito é pedir um cessar-fogo para parar a guerra e, ao mesmo tempo, enviar constantemente um número maior de armas e equipamentos avançados que só intensificarão ainda mais a guerra, nem se pode apoiar o diálogo enquanto são impostas sanções unilaterais que apenas estimulam mais o conflito”, acrescentou.
Bonne disse que a França sempre aderiu a uma política externa independente e não cairá na lógica da política do bloco, referindo-se à União Europeia.
“A França atribui grande importância ao ponto de vista da China nesta situação e está pronta para fazer ainda mais esforços com o lado chinês para promover negociações de paz, alcançar um cessar-fogo e resolver a crise”, assinalou, ressaltando que a França se comunica com todas as partes, incluindo a Rússia, “em questões importantes como a neutralidade da Ucrânia”.
“Entramos no século 21, no qual os interesses de todos os países estão entrelaçados e interdependentes”, destacou Wang, observando que a China está pronta para trabalhar com a França para fortalecer a cooperação estratégica e construir conjuntamente uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade. Enquanto isso, sublinhou que não deve ser permitido ressurgir a mentalidade de Guerra Fria.
Observando que a questão da Ucrânia tem suas raízes no desequilíbrio de segurança da Europa, Wang insistiu em que o princípio da segurança deve ser respeitado e uma estrutura de segurança europeia equilibrada, eficaz e sustentável deve ser reconstruída. Só assim a Europa pode realmente alcançar uma paz e estabilidade duradouras, acrescentou.
Da mesma forma, Wang Yi reiterou a posição da China durante a teleconferência, na qual evitou usar a palavra “invasão” para se referir à ofensiva russa, enquanto afirmou sua oposição às sanções contra Moscou.