Missão chinesa na ONU à Otan: “Nunca esqueceremos quem bombardeou nossa embaixada na Iugoslávia”

“Nunca esqueceremos quem bombardeou nossa embaixada na Iugoslávia. A China não precisa de lições de justiça vindas de violadores do direito internacional”, disse a missão chinesa na ONU em comunicado, após cínica declaração do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, ‘exigindo’ de Pequim que condenasse a operação russa em curso de desnazificação e desmilitarização da Ucrânia. A nota assinala ainda que o povo chinês “compartilha a dor e o sofrimento de outros países”.

A Otan bombardeou a Embaixada da China em Belgrado, no dia 7 de maio de 1999, causando a morte de três funcionários e deixando dezenas de feridos, durante sua campanha aérea de 78 dias contra a Iugoslávia, voltada para finalizar o desmembramento do país.

A China relembrou a impunidade da Otan, que nunca foi responsabilizada pelo ataque, e denunciou que a Otan segue se expandindo, postura que chamou de “vestígio da Guerra Fria”.

Washington ‘explicou’ na época o crime de guerra, o bombardeio da embaixada chinesa em Belgrado, atribuindo-o a um “mapa desatualizado”.

No próximo dia 24, completam-se 23 anos do início da agressão, cometida sob o pretexto de ser uma “intervenção humanitária” e à revelia da ONU.

De trens lotados de gente a asilos de idosos, nada foi poupado na campanha aérea humanitária da Otan. Os ataques mataram milhares de civis e feriram muitos mais. 14.000 bombas e 2.300 mísseis foram disparados contra o país. O ataque da Otan instaurou um novo ‘país’, Kosovo, e criou lá a maior base dos EUA no exterior.

Na segunda-feira (14), o embaixador da China na ONU, Zhang Jun, considerou a Otan uma reminiscência da Guerra Fria.

“A mentalidade de Guerra Fria, baseada no confronto entre blocos, deve ser completamente rejeitada. […] Este mundo não precisa de uma nova Guerra Fria. Este mundo pode viver com crescimento e progresso comuns”, afirmou Zhang ao Conselho de Segurança da ONU.

Por sua vez o porta-voz da chancelaria chinesa, Zhao Lijian, enfatizou que a posição de Pequim sobre a questão na Ucrânia é de que a comunidade internacional se concentre em “promover a paz e as negociações” e “prevenir uma crise humanitária em grande escala”.

“Países que acreditam que venceram a Guerra Fria para dominar o mundo, países que negligenciam a preocupação dos outros e pressionam por cinco rodadas de expansão da Otan e países que travaram guerras ao redor do mundo, mas culparam os outros, devem se sentir realmente desconfortáveis” com a coerência da China, disse Zhao na quinta-feira.