China: Embaixador confirma chegada do IFA para produção de vacinas
Governadores se reuniram nesta quinta-feira (20) com o embaixador da China, Yang Wanming, solicitando ajuda para evitar atrasos na liberação de lotes do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção da vacina contra a Covid-19, sendo elas a CoronaVac e AstraZeneca.
O embaixador confirmou que irá liberar as duas remessas de IFAs em andamento destinadas ao Butantan e à Fiocruz, e outras que virão. Somadas, será algo suficiente para 16,6 milhões de doses de vacinas para os dois institutos. A fabricação da CoronaVac está parada por falta de insumos.
“Na conversa com o Fórum dos Governadores informei a liberação dos novos lotes de IFA pra produzir no total 16. 6 milhões de doses da Coronavac e Vacina AstraZeneca, que chegarão nos próximos dias”, disse o embaixador chinês, em seu perfil no Twitter, após a reunião.
Participaram do encontro virtual Flávio Dino, governador do Maranhão, João Doria, governador de São Paulo, Wellington Dias, do Piauí, e Waldez Góes, do Amapá.
Yang Wanming, destacou ainda que a cooperação entre os dois países em relação à vacina contra a Covid-19 precisa de “um ambiente político amigável”, mas negou que a China utilize das vacinas “para impor pressão ou retaliação política”.
“Rejeitamos a interferência política na pandemia. Nunca utilizamos e jamais utilizaremos as vacinas para impor pressão ou retaliação política. É um compromisso da China. Uma posição fundamental da pátria chinesa”, afirmou o embaixador, que depois salientou: “Assim como a parceria em qualquer setor, a nossa cooperação de vacinas também precisa de um ambiente político amigável”.
Segundo Dino, o embaixador abriu outras possibilidades como a compra de vacinas já prontas, sendo que duas ainda estão em desenvolvimento.
“Como a gente não vê horizonte científico imediato para o fim desta pandemia, temos que olhar as opções para frente. A União Europeia já está fazendo reuniões sobre a vacinação de 2022/2023. Isso sugere, que diferentemente dos irresponsáveis do governo federal, temos que cuidar do emergencial e do futuro. A reunião foi útil para a garantia do emergencial e para o médio prazo para ampliar uma cesta de vacinas”, disse.
Para Dino, as reuniões dos governadores diretamente com o embaixador ainda são necessárias mesmo com a saída de Ernesto Araújo das Relações Exteriores, pois o presidente Bolsonaro continua ofendendo o país chinês.
“Externamos a solidariedade e desagravo diante das reiteradas ofensas ao povo chinês, para quebrar o mal-estar quando isto acontece. É uma forma de registrarmos formalmente que existe um comprometimento nosso da boa relação com a China. Talvez pela primeira vez na história a diplomacia está sendo tão necessária”, disse Dino.
O coordenador da questão das vacinas pelo Fórum dos Governadores, Wellington Dias, celebrou o trabalho conjunto com a China. “Temos um respeito e uma gratidão pela China, em especial ao embaixador Yang Wanming. A reunião de hoje é uma busca de parcerias por mais vacinas para o Brasil e para o Piauí. Temos uma pauta em comum e vamos seguir ampliando nessa relação. Acertamos com o embaixador um trabalho conjunto para que tenhamos várias vacinas e um cronograma de entrega do IFA para garantir que até agosto possamos vacinar todo o grupo de maior risco no Brasil. Também veremos um encontro, na China, para tratarmos, além da vacina, sobre a relação bilateral”, disse Wellington Dias.
Durante o encontro com o representante chinês, João Doria e o diretor do Butantan, Dimas Covas, reforçaram a urgência do envio de IFA ao Brasil. Em 13 de maio, o Butantan anunciou que iria parar a produção da Coronavac por falta de insumos para a produção da vacina. Na ocasião, o governador de São Paulo atribuiu a dificuldade na exportação da matéria-prima a “entraves diplomáticos” em razão da postura do presidente Jair Bolsonaro e de integrantes do governo federal em relação ao país asiático.
Na reunião, o governador paulista reafirmou o risco humanitário da falta de vacinas no Brasil. “O Brasil lamentavelmente é um risco para o mundo. Se não tivermos vacinas, esse risco crescerá ainda mais, porque não é um problema humanitário para o Brasil, é um problema humanitário para o mundo”, disse Doria.
“Quero endossar sobretudo o que foi dito pelo governador Wellington Dias, sobre a previsão de mais 200 mil mortes. Já temos 440 mil mortos e se não tivermos mais vacinas a previsão é que cheguemos rapidamente ao 650 mil mortos no Brasil, a maior tragédia da história desse país e do continente latino americano. A China tem sido solidária e esta é uma questão humanitária, uma vacina pode salvar uma ou mais vidas. Portanto, faço aqui o apelo, precisamos dos insumos para a produção da vacina e precisamos da ajuda da China para que isso possa ser liberado imediatamente”, enfatizou João Doria.
O governador paulista também propôs que a compra de outras vacinas chinesas que estão em aprovação pela Anvisa seja mediada pelo Fórum, ao invés do Ministério da Saúde.