Líderes da equipe OMS-China que realizou pesquisas em Wuhan, Liang Wanian (de costas) e Peter Embarek (centro)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) realizará um trabalho de rastreamento das origens da Covid-19 em escala global que partirá dos resultados do estudo já feito na China, e os especialistas chineses continuarão a participar ativamente da pesquisa, informou Liang Wannian, líder da equipe conjunta de especialistas OMS-China que conduziu os trabalhos em Wuhan, em uma entrevista coletiva na quarta-feira (31).

“A China é o primeiro país que relatou um caso de Covid-19, então o trabalho de rastreamento de origens globais foi realizado pela primeira vez na China”, disse Liang, observando que, embora a equipe conjunta OMS-China tenha concluído seu trabalho em Wuhan, isso não significa que o rastreamento das origens, um trabalho contínuo, esteja acabado, ao contrário, as pesquisas são ainda iniciais e precisam se estender globalmente.

Com base nas descobertas atuais, mais pesquisas sob uma estrutura internacional como a OMS acerca das origens do vírus são necessárias e exigem esforços conjuntos de cientistas de todo o mundo, declarou Tong Yigang, cientista chinês integrante da equipe conjunta, ao site Global Times.

Os estudiosos avaliam que o processo desde a introdução do vírus, sua disseminação de animais para humanos e para o mercado Huanan em Wuhan, pode ter levado muito tempo, e o vírus viajado uma longa distância, assim como tendo entrado na China ao cruzar a fronteira do país asiático em algum ponto, observou Tong.

Até agora, o hospedeiro específico do vírus não foi encontrado, mas morcegos e pangolins são os prováveis hospedeiros, disse o especialista. Do ponto de vista científico, a equipe de profissionais chegou a um consenso de que essas hipóteses não são geograficamente restritas.

Alguns técnicos europeus levantaram a hipótese de que o novo coronavírus poderia vir de animais selvagens do sul da China. Tong explicou, porém, que nenhuma das mais de 38.000 amostras de gado e aves e mais de 41.000 amostras de animais selvagens coletadas de 2018 a 2020 pelas autoridades agrícolas e florestais da China em 31 províncias, municípios e regiões autônomas tiveram resultados positivos para o novo coronavírus.

Além disso, Tong Yigang informou que nenhuma evidência foi encontrada de que o vírus estivesse se espalhando entre aves, gado e animais selvagens antes e depois do surto de Covid-19 na China.

“Na próxima fase, precisamos de uma perspectiva mais ampla. Conduziremos investigações abrangentes, detalhadas e rastreamento de origens entre uma variedade de animais, no âmbito de um rastreamento global na busca dessas origens”, disse Tong, acrescentando que uma visão circunscrita e politicamente interessada em se limitar à China seria contra a ciência e pode levar o rastreamento das origens da Covid-19 a uma direção errada e prejudicial à necessidade do conhecimento científico sobre a questão.