China dá resposta recíproca a sanções do bloco europeu contra Xinjiang
Concretizando o princípio diplomático da reciprocidade, a China anunciou na segunda-feira (22) uma lista de oito parlamentares europeus e dois falsários que se intitulam acadêmicos, mais quatro organizações, por espalharem rumores e mentiras sobre Xinjiang.
A medida foi tomada em resposta à arrogante decretação pouco antes, pelo Conselho Europeu, de sanções contra uma entidade e quatro dirigentes chineses, sob a alegação de que a China perseguiria na sua região mais ocidental e que é autônoma, Xinjiang, a minoria muçulmana, os uigures.
A medida da União Europeia “interfere grosseiramente nos assuntos internos da China” e “viola flagrantemente a lei internacional”, disse porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, instando os europeus a porem de lado a “hipocrisia” e resolverem “seus próprios erros”.
É notório, no bloco europeu, o clima de discriminação aos muçulmanos, o que se agravou após a destruição da Líbia pela Otan – com enorme participação europeia – e da guerra por procuração contra a Síria, que empurrou milhões de refugiados para lá, após travessias desumanas.
A França, por exemplo, acaba de adotar uma nova legislação contra o chamado ‘integrismo islâmico’, em nome da ‘defesa da República’.
As sanções contra a China, aprovadas pelo Conselho da Europa horas antes, foram as primeiras em 30 anos, afetando altos dirigentes de Xinjiang da 13ª Assembleia Nacional Popular e o Corpo de Produção e Construção da região autônoma, a estatal com um papel chave na luta pelo desenvolvimento na região e contra a pobreza.
É visível que a investida está sendo feita em coordenação com os EUA e com a Inglaterra, e respectivas sanções em curso.
Analistas assinalaram que, se como se viu no Alasca a China não baixou a cabeça para Washington, não será com Bruxelas, que isso ocorrerá. Em Anchorage, Yang Jiechi, membro do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China e diretor do Escritório do Grupo Central de Relações Exteriores, repreendeu os EUA por não estarem qualificados para falar com a China de uma posição de força. Ele relembrou aos EUA seus muitos problemas de direitos humanos – citando a matança de negros – e que deveriam cuidar da sua própria vida primeiro.
No caso europeu, em matéria de direitos humanos a dívida é enorme, da triste herança colonial e escravista ao pesadelo hitlerista, e não podem pontificar sobre o assunto com essa empáfia toda impunemente.
As contramedidas chinesas alcançaram o presidente da delegação do Parlamento Europeu para as relações com a China, um contumaz difamador do grande país asiático, e o maior centro europeu de estudos sobre a China, localizado na Alemanha, o Instituto Mercator.
Outro atingido é o ‘acadêmico’ alemão Adrian Zenz, fundamentalista ‘cristão’ que diz ter recebido de Deus a missão de conter os comunistas na China, funcionário de duas fachadas dos neocons norte-americanos, a ‘Victims of Communism Memorial Foundation’, ligada aos neonazistas ucranianos, e a ‘Jamestown Foundation’, fundada na era Reagan sob auspícios da CIA. Histericamente antifeminista e contra os homossexuais, foi Zens que fabricou com dados falsos a tese do ‘genocídio demográfico’ de uigures, apesar do número de uigures ter aumentado e não diminuído nas últimas quatro décadas e que, particularmente, de 2010 a 2018, cresceu 25%.
Em paralelo, residentes em Xinjiang estão acionando em tribunais europeus o falsário, por perdas econômicas e danos à reputação – o que o forçará a confirmar ou recuar, dos números que alega.
Lembrando o interesse europeu em um mundo multipolar, analistas chineses instaram os lideres do bloco europeu a exercerem uma diplomacia independente e que dê prioridade à economia, aos laços ganha-ganha e ao comércio, ao invés de se rebaixar a um apêndice dos EUA.
No final do ano passado, e antes da posse de Joe Biden, a União Europeia e a China assinaram um acordo de investimento. A China em 2020 se tornou o maior parceiro comercial europeu, suplantando os EUA.
Como assinalou o jornal Global Times, “não achamos que seja do interesse da UE mudar a política do bloco em relação à China nas atuais circunstâncias. Portanto, esperamos que a UE reflita sobre esta rodada de conflito com a China”.