Alunos à entrada de escola construída pelos chineses em Bagdá

Duas empresas chinesas assinaram acordos com o governo iraquiano na semana passada para construir 1000 escolas no Iraque, registrou o jornal Global Times, que em sua chamada fez questão de contrastar o apoio ganha-ganha Iraque-China com a devastação trazida pela guerra movida pelos EUA e o recém anunciado fim no país árabe da ‘missão de combate’ de tropas norte-americanas.

Esses dois projetos são parte de um acordo-quadro maior China-Iraque, assinado em novembro pelos dois países, para a construção de 7.000 escolas.

De acordo com recente tweet do governo do Iraque, o primeiro-ministro iraquiano Mustafa Al Kadhimi supervisionou a assinatura dos contratos escolares na semana passada. O lado chinês foi representado pelo vice-presidente da Power Construction Corp (Power China) e pelo diretor regional da Sino Tech.

Um porta-voz da Power China confirmou ao Global Times que construirá 697 escolas no Iraque. As 321 unidades restantes serão construídas pela Sino Tech.

Fontes da indústria chinesa disseram que o contrato é uma “ajuda imediata” para o Iraque, onde a falta de oportunidades de educação tem dificultado muito o desenvolvimento e os esforços de reconstrução do país. Cerca de 3,2 milhões de crianças iraquianas em idade escolar não têm acesso à educação, de acordo com a Unicef.

“O investimento da China vem da ajuda humanitária. As escolas cobrem todo o Iraque, o que significa que as despesas com segurança são enormes em meio à instabilidade política persistente e os lucros para as empresas estatais chinesas são escassos”, disse Chen Xianzhong, da Power China, empresa do setor elétrico que investe no Iraque há mais de 20 anos.

O Iraque foi um dos primeiros países do Oriente Médio a aderir à Iniciativa Cinturão e Estrada (nova Rota da Seda). A China é agora o maior comprador de petróleo do Iraque, de acordo com o Ministério do Comércio da China.

Em agosto, o governo iraquiano assinou contrato com a da China (Power China) para construir usinas de energia solar no Iraque com uma capacidade total projetada de 2.000 megawatts.

Com a guerra e a ocupação, o Iraque passou a sofrer de enormes deficiências na geração de energia, tornando-se comuns os apagões, especialmente quando a temperatura sobe muito no verão, atingindo 50º C.

Em junho de 2018, a Power China começou a trabalhar na usina de energia de 730 megawatts em Rumaila, Iraque, seu primeiro projeto no Iraque, com investimento do Ministério de Eletricidade do Iraque. Depois de concluído, ele aliviará a maior parte da pressão da eletricidade em Basra, a segunda maior cidade do Iraque.

Wasit Power Plant, a maior usina termelétrica do Iraque, foi construída e agora é operada pelo Shanghai Electric Group, com capacidade de geração equivalente a 20 por cento da rede nacional iraquiana.

A primeira usina no campo de petróleo de Rumaila, construída pela China Petroleum Engineering and Construction Corp, fornece energia para mais de 1 milhão de residências anualmente.

Wang Zesheng, pesquisador do Instituto de Estudos Internacionais da China, disse ao Global Times que a China vem desempenhando um papel vital na reconstrução do Iraque. Ele acrescentou que essa cooperação é uma boa referência para reconstruir países como o Afeganistão, assim que a situação política se estabilizar.

Zhou Rong, pesquisador sênior do Instituto Chongyang de Estudos Financeiros da Universidade Renmin da China, disse ao GT que as escolas construídas vão cultivar as sementes para mais intercâmbios não-governamentais “de pessoa para pessoa e culturais” entre a China e o Iraque em um momento em que Washington está gradualmente em retirada da região.

Há planos das empresas chinesas para investirem também em construção, usinas de tratamento de água e portos no Iraque. Grandes projetos no Iraque ainda são monopolizados por empresas norte-americanas e europeias.

O Iraque era um dos países socialmente e tecnologicamente mais avançados do Oriente Médio, mas foi devastado pela guerra decretada pelos EUA, à revelia da ONU, sob o falso pretexto de “armas de destruição em massa”. O líder do país, presidente Saddam Hussein, foi enforcado pelos invasores e seus cúmplices após um julgamento-farsa. Centenas de milhares foram mortos e cerca de quatro milhões viraram refugiados.

Antes da invasão, O Iraque ficou uma década sob sanções, que causaram a morte de meio milhão de crianças, como admitiu em uma entrevista à televisão a então secretária de Estado Madaleine Albright, com a escandalosa frase de “valeu a pena”.

Os colaboradores mais próximos do então presidente W. Bush asseveravam que o povo iraquiano iria receber os marines “com flores”, mas os EUA acabaram se deparando com uma feroz resistência e fracassaram em sustentar a ocupação com o roubo do petróleo, e a decadência norte-americano só fez se acentuar. Abu Graib, prisão transformada em centro de degradantes torturas, se tornou o símbolo da ocupação dos EUA no Iraque.

Enquanto a China, em paz, trabalhava, investia, crescia e comerciava, até se tornar o principal parceiro da maioria dos países do mundo e a fábrica do mundo. E, agora, realiza um intercâmbio ganha-ganha com o Iraque.