Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, refutou duramente na quinta-feira (4) declaração relativa a Taiwan emitida pelos ministros das Relações Exteriores do G7 e pelo chefe da diplomacia da União Europeia e advertiu aos signatários que a China de hoje não é a antiga China que sofria intimidação e era espezinhada há mais de 100 anos, registrou a agências de notícias Xinhua. É hora de eles acordarem de seu sonho de potências imperialistas, ela reiterou. A declaração conjunta G7-UE foi divulgada na véspera.

“Esses ministros das Relações Exteriores aparentemente ainda pensam que estão vivendo na era da Aliança das Oito Nações há mais de 120 anos. O mundo de hoje não é mais um mundo em que as potências imperialistas ostentam suas forças e fazem o que querem na China, e a China de hoje não é a antiga China.

A China tem o direito de salvaguardar a sua soberania e a sua integridade territorial. A razão fundamental para a atual tensão no Estreito de Taiwan é que o lado dos EUA, a despeito da forte oposição da China e de representações solenes, conspirou sobre a visita a Taiwan de seu terceiro representante mais alto em uma aeronave militar dos EUA, acrescentou a porta-voz. “Tal atitude prejudicou seriamente o princípio de Uma Só China e a soberania e integridade territorial da China”.

Mais de 100 países manifestaram seu apoio ao princípio de Uma Só China e aos esforços da China para salvaguardar sua soberania e integridade territorial, disse Hua.

“O lado dos EUA fez provocações maliciosas primeiro, enquanto a China foi obrigada a agir em autodefesa”, disse Hua, assinalando que, diante de provocações que violam descaradamente a soberania e integridade territorial da China, é legítimo que a China tome contramedidas, que definitivamente serão “resolutas e poderosas”.

“Se os países do G7 realmente valorizam a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, deveriam ter dissuadido os Estados Unidos de realizar provocações perigosas, imprudentes e irresponsáveis contra a China”, disse Hua.

“Antes da visita de Pelosi a Taiwan, eles deram uma de joão sem braço, e se mantiveram em silêncio, mas agora aparecem e culpam a China por agir com atos justos. Sua hipocrisia é evidente para todo o mundo”, acrescentou a porta-voz.

O princípio de Uma Só China é a base política primordial para o estabelecimento de laços diplomáticos desses sete países com a China. A China sempre se opõe firmemente a qualquer forma de intercâmbio oficial entre Taiwan e países que mantêm relações diplomáticas com a China. Os chefes das legislaturas dos sete governos devem cumprir as políticas externas reconhecidas e prometidas por seus governos, disse Hua.

Uma só china, da qual Taiwan é parte

O princípio de Uma Só China tem apenas uma versão e um significado. Ou seja, há apenas uma China no mundo, e Taiwan faz parte da China. O Governo da República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China, enfatizou a porta-voz.

Foi isso que estabeleceu a Resolução 2758 da ONU em 1971, adotada pela 26ª Assembleia Geral das Nações Unidas, disse Hua, acrescentando que esta é uma norma básica que rege as relações internacionais e a base política para estabelecer e desenvolver relações diplomáticas com a China para 181 países, incluindo o G7.

Essa resolução da ONU devolveu ao povo chinês seu assento na ONU e no Conselho de Segurança da ONU – no qual a China participou desde sua fundação em 1945 -, que vinha sendo usurpado pelo regime derrotado, depois de foragido em 1949 para Taiwan, sob patrocínio dos EUA.

Hua destacou que os membros do G7 liderados pelos Estados Unidos são “um símbolo de agressão e coerção tanto na história quanto na realidade”, acrescentando que o G7 não deve esquecer que “não representa a comunidade internacional, suas opiniões são minoritárias”.

“Gostaria de lembrar os ministros das Relações Exteriores desses sete países novamente. Estamos na terceira década do século XXI. Se eles ainda pensam como há 100 anos, haverá problemas”, disse Hua.

Vassalagem de Tóquio aos EUA

Em resposta a pergunta sobre o cancelamento de uma reunião dos chanceleres da China e Japão que estava agendada para esta quinta-feira, a porta-voz esclareceu que o Japão é parte do comunicado conjunto G7-UE, que acusou injustamente a China, confundindo o errado e o correto e aumentando a arrogância dos Estados Unidos em violar a soberania chinesa. O povo chinês está extremamente insatisfeito, por isso houve o cancelamento da reunião planejada em Phnom Penh, disse Hua.

“O Japão tem responsabilidade histórica na questão de Taiwan. Não está em posição nenhuma de fazer comentários irresponsáveis sobre questões relacionadas a Taiwan”, acrescentou Hua.

No final do século XIX, repetindo a pilhagem de Hong Kong pela Inglaterra na Guerra do Ópio, o Japão tomou Taiwan, que em 1945, com a derrota do Japão na II Guerra Mundial, foi devolvida pelos tratados que deram fim à II Guerra Mundial – o que torna ainda mais odienta essa postura do atual governo japonês.

Sobre os ombros do Japão pesam ainda os mais de 30 milhões de chineses mortos sob a ocupação da China por suas tropas imperiais, invasão que inclusive antecedeu o início da II Guerra Mundial.

A propósito, tirando o Canadá, o G7 poderia ser sinteticamente descrito como o club privé das potências coloniais e imperialistas, a saber, EUA, Inglaterra, França, Itália, Alemanha e Japão.