China anuncia novos compromissos climáticos antes da COP26
A China apresentou seus compromissos climáticos, na quinta-feira (28), dias antes do início da Conferência sobre Mudança Climática da ONU, COP26, que se realizará em Glasgow, na Escócia, com início no próximo domingo.
Em sua “Contribuição Determinada em Nível Nacional” (NDC, na sigla em inglês), Pequim apresentou um plano de redução de emissões renovado no qual se compromete a atingir o pico da poluição de carbono antes de 2030, confirmou sua meta de atingir a neutralidade de carbono antes de 2060 e reduzir sua intensidade de emissões – a quantidade de emissões por unidade de produção econômica – em mais de 65%.
A mudança climática será um tema-chave para a reunião do G20 Roma, já que a COP26 será realizada logo após esse encontro de cúpula dos 19 países mais ricos do mundo mais a União Europeia, onde os países devem fazer mais compromissos de redução de emissões para cumprir a meta estabelecida no acordo de Paris de 2015, que comprometeu os signatários a manterem o aquecimento global para “bem abaixo” de 2 graus acima dos níveis pré-industriais e, de preferência, para menos de 1,5 graus de aquecimento.
O presidente chinês, Xi Jinping, conversou por telefone com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, na sexta-feira (28), e reiterou a determinação da China em cumprir suas promessas de redução de emissões no combate às mudanças climáticas e enfatizou o princípio de uma responsabilidade comum, porém diferenciada.
Alguns países ocidentais e meios de comunicação pressionaram a China a fazer promessas mais radicais de redução das emissões. Em resposta, especialistas chineses disseram que, como país em desenvolvimento, a China fez o máximo para fazer planos e implementá-los, e os países desenvolvidos também deveriam assumir mais responsabilidades.
O presidente Xi enfatizou que a China anunciou metas para alcançar a neutralidade de carbono e o pico de emissões de dióxido de carbono e uma série de medidas detalhadas, o que significa uma série de esforços sociais e econômicos amplos e profundos. A resolução da China de acelerar o desenvolvimento verde é inabalável, afirmou.
O Ocidente e os EUA questionaram a sinceridade e a meta da China nas mudanças climáticas, o que foi contestado por Pequim. Os países desenvolvidos não têm a condição moral para exigir dos países menos desenvolvidos que parem o desenvolvimento para reduzir as emissões de forma não razoável, disse Li Haidong, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Relações Exteriores da China, ao Global Times. Os países desenvolvidos emitiram poluição por mais de 150 anos, enquanto os países em desenvolvimento emitiram CO2 apenas nos últimos 30 anos, sublinhou.
Li observou que os EUA fizeram muitas políticas centradas na competição com a China e alguns analistas acreditam que a mudança climática deveria ser um tópico em que os dois lados poderiam estabelecer cooperação. Mas a tática usada pelos EUA tem sido pressionar os outros a se engajarem enquanto fica de lado.
“Os EUA usaram as mudanças climáticas como ferramenta política para conter o crescimento dos países em desenvolvimento, como a China, exigindo metas radicais e estabelecendo restrições aos produtos usados na produção de energia solar provenientes da China”, disse Lü Xiang, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Lü observou que a cooperação tecnológica global é a chave para enfrentar as mudanças climáticas. A China mostrou sua maior sinceridade na cooperação inclusiva e aberta com outros países para enfrentar os desafios globais da pandemia e da mudança climática, mas “os países ocidentais liderados pelos EUA sabem sobre o sucesso da China, mas também sabem que não podem nos parar, então preferem atacar nosso sucesso”, disse Lü.
Como um país em desenvolvimento, a China tem feito esforços concretos para cumprir sua promessa de reduzir as emissões. Como o mundo está sofrendo com a escassez de energia, muitos países também têm opiniões diferentes sobre fazer novas promessas, observaram analistas.
A promessa do presidente Xi na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de que a China não construirá novos projetos de energia movidos a carvão no exterior é vista pelos observadores como um sinal de que a China se dedica a conter o aquecimento global com determinação e maiores esforços.
A China também se comprometeu a aumentar a participação de combustíveis não fósseis a 25% de seu consumo, em particular com o aumento de “sua capacidade instalada de energia solar e eólica para 1,2 bilhão de Kw até 2030”. A par disso, também garante aumento de seu “estoque” florestal em 6 bilhões de metros cúbicos em relação a 2005.