Governo chinês pediu aos norte-americanos que não organizem a viagem de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos EUA, a ilha e apelou a Washington que ‘interrompa os intercâmbios oficiais’

A China exige que Washington cancele a visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, por esta visita violar de forma grave o princípio de Uma Só China, afirmou na terça-feira (19) o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, em uma coletiva de imprensa.

“A China exige que os Estados Unidos cumpram firmemente o princípio de Uma Só China e as disposições dos três comunicados conjuntos, não organizem a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi a Taiwan, rompam quaisquer contatos oficiais com Taiwan e deixem de criar fatores de tensão no estreito de Taiwan”, disse Zhao.

A visita chegara a ser anunciada para abril, mas foi adiada por causa de Pelosi ser infectada por Covid-19. Na época, o Ministério das Relações Exteriores chinês desejou a Pelosi rápidas melhoras e apelou para Washington cancelar a visita à ilha, em vez de adiá-la.

O porta-voz salientou que, caso os Estados Unidos sigam agindo assim [em relação a Taiwan], não tomando em conta a opinião de Pequim, a China certamente tomará medidas decisivas para proteger a sua soberania nacional e integridade territorial. Além disso, ele acrescentou que “a responsabilidade total por todas as consequências caberá aos Estados Unidos”.

Zhao destacou que a China já declarou inúmeras vezes que quaisquer contatos oficiais entre representantes dos EUA e de Taiwan são inaceitáveis e que, se Pelosi na realidade visitar a ilha, isso será uma violação do princípio de Uma Só China e das disposições dos três comunicados conjuntos, afetando de forma séria a base política das relações entre Pequim e Washington e dando um sinal errado às forças que se manifestam a favor da secessão da ilha.

As relações oficiais entre o governo central da República Popular da China e a sua província insular foram cortadas em 1949, depois de as forças de Kuomintang, lideradas por Chiang Kai-shek, terem sido derrotadas na guerra civil com o Partido Comunista da China e terem se abrigado em Taiwan.

Os contatos informais e comerciais entre a ilha e a China continental foram retomados nos finais dos anos 1980. A partir dos anos 1990, as partes começaram a contatar através de organizações não governamentais – a Associação de Desenvolvimento das Relações através do Estreito de Taiwan, de Pequim, e o Fundo de Trocas através do Estreito, de Taipé.

Os EUA têm repentinamente violado a soberania da República Popular da China, minando a política de Uma Só China. Assim, o ex-secretário de Defesa norte-americano e atual lobista da empresa de produtos bélicos Raytheon, Mark Esper, afirmou na terça-feira (19) que a política dos EUA em relação a Uma Só China se tornou obsoleta.

Segundo Esper, Washington deve abdicar da sua política duradoura no que diz respeito a Taiwan. As palavras foram pronunciadas durante uma reunião com a chefe de governo de Taiwan, Tsai Ing-wen.