Tecnologia chinesa em semicondutores segue crescendo apesar da guerra comercial de Washington

A China acusou Washington de “terrorismo tecnológico” por pressionar empresas de litografia ultravioleta profunda (DUV), a holandesa ASML e a japonesa Nikon, para proibi-las de vender ao país asiático equipamentos para a fabricação de chips semicondutores, agravando uma política iniciada pelo governo Trump.

“É o terrorismo tecnológico clássico”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijiang, em uma entrevista coletiva na quarta-feira (6), em reação a informação veiculada pela Bloomberg.

As máquinas que o regime Biden quer impedir a China de obter estão uma geração atrás da tecnologia de ponta, mas são ainda o método mais comum para fabricar os semicondutores exigidos por carros, telefones e computadores.

Como registra a Bloomberg, a medida do governo Biden busca alargar a equipamentos mais antigos a proibição, já em vigor, de venda dos equipamentos de ponta, no chamado “estado da arte” [litografia ultravioleta extrema], para a fabricação de semicondutores.

“Esse é mais um exemplo da prática americana de diplomacia coercitiva ao abusar do poder do Estado e exercer hegemonia tecnológica. Isso apenas lembrará a todos os países os riscos da dependência tecnológica dos EUA e os levará a se tornarem independentes e autossuficientes em um ritmo mais rápido”, acrescentou Zhao.

Conforme a Bloomberg, que cita um especialista da Asymmetric Advisors, Amir Anvarzadeh, os fabricantes de chips chineses acumulam equipamentos de segunda mão desde a era Trump. “Claramente” – acrescentou – proibir os equipamentos mais avançados “não foi suficiente para impedir o avanço da China em semicondutores”.

A ASML e a Nikon fabricam os equipamentos que geram os “banhos de luz ultravioleta” [litografia] necessários para imprimir nos waffers de silício os microcircuitos para a fabricação dos semicondutores.

Também o jornal New York Times registrou a nova investida de Washington tentando bloquear o desenvolvimento tecnológico da China, via proibições de venda a Pequim, citando fontes governamentais sob anonimato.

O chefe da unidade do Departamento de Comércio dos EUA que supervisiona os controles de exportação disse no mês passado: “Precisamos garantir que os EUA mantenham a supremacia tecnológica”.

Ou seja, como assinalou o jornal chinês em língua inglesa Global Times, Washington está sinalizando que “seus esforços para restringir as exportações para a China precisam ser mais direcionados”. Em outras palavras, acrescentou, “procuram realizar um ‘ataque de precisão’ contra a China”.

Sendo assim, “vamos falar direto”, apontou o GT. “A razão pela qual as elites políticas de Washington sempre sentem que não são suficientemente duras com a China e querem impor mais pressão é que suas medidas anteriores não funcionaram e que Washington foi na direção errada”.

O governo Trump – continua o GT – “lançou uma guerra comercial contra a China e impôs restrições a quase tudo o que podia”. “O governo Biden continuou a prática por um tempo, mas os consumidores comuns nos EUA dificilmente suportariam enfrentar uma inflação sem precedentes”.

A publicação aconselhou o governo Biden a “refletir seriamente e fazer mudanças, em vez de impor restrições sem sentido sob a pressão da opinião do politicamente correto”.

“O chamado ‘ataque de precisão’ de Washington não pode esconder sua natureza de movimento contra a tendência geral da globalização econômica, nem pode afetar a determinação do povo chinês de tomar as tecnologias centrais em suas próprias mãos. Esta já é uma carta quebrada, e Washington não pode jogar nenhum truque novo hoje em dia”.

O GT observou, ainda, que “os EUA tentaram todos os meios possíveis para suprimir a tecnologia da China” e, quanto ao que mais podem fazer no futuro, Washington “pode usar sua imaginação”. O problema – concluiu – é que os EUA têm pouca credibilidade política após o bullying frequente, e as próprias sanções “vem causando uma reação cada vez mais profunda contra si mesmos”.