Barcelona 21 10 2019-Manifestações de espanhois em solidariedade ao povo Chileno que estão em confrontos com mortes contra a política do governo de Sebastian Pinera foto Tono_Carbajo Fotomovimiento

A Mesa do Setor Público (MSP) do Chile lançou um manifesto recentemente repudiando as “garras privatizadoras” com que o presidente Sebastián Piñera tem se lançado contra o patrimônio do Estado buscando sua alienação e desnacionalização, ao lado do ataque aos direitos dos trabalhadores.

Reunindo as principais entidades sindicais do país, a MSP alertou que este “ataque não é somente contra a Corporação Nacional do Cobre, mas contra empresas como a Televisão Nacional (TVN), o Metrô, a Empresa Nacional do Petróleo (ENAP) e a grande maioria das empresas do Estado cujos executivos estão levando adiante planos de rebaixamento de custos”. Um projeto de desmonte do Estado, advertiram, “que têm implicado em demissões de trabalhadores próprios e contratados, rebaixamento salarial e, inclusive, venda de ativos, como é o caso da televisão pública”.

Durante coletiva de imprensa, os dirigentes sindicais das 16 entidades que compõem a Mesa declararam sua posição unitária contra as pretensões privatistas da União Democrata Independiente (UDI), “partido da direita”, bem como sua firme oposição ao novo Gabinete de Piñera, cujo rosto mais visível é o do pinochetista Víctor Pérez.

De acordo com o secretário-geral da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), Nolberto Díaz, a Mesa do Setor Público tem sido atacada e ameaçada das mais variadas formas por um governo que quer dilapidar o patrimônio nacional, achatar conquistas e retirar direitos dos servidores.

O presidente da Associação Nacional de Empregados Fiscais (ANEF), José Pérez, enfatizou que as 16 entidades da MSP compõem a “principal força sindical do país” e recordou que, após ser derrotado no parlamento em relação à retirada dos recursos dos 10% das Administradoras dos Fundos de Pensão (AFP), o governo novamente tenta colocar em discussão a privatização de uma parte da Codelco e a venda da TV pública. Além disso, esclareceu, os governistas querem inviabilizar o processo Constituinte que o país começa a debater “para desmantelar décadas de abusos consagrados por uma Constituição espúria e carente de toda legitimidade”.

Toda as vezes que a Codelco aponta para a “independência econômica do país”, recordou o presidente da Confederação de Trabalhadores do Cobre, Patricio Elgueta, os privatistas agem para minar o seu potencial. “Saibam vocês que cada tonelada de cobre da Codelco significa três vezes mais do que entra no Tesouro Nacional via as empresas privadas que detêm os outros dois terços da exploração”, declarou.

Para a presidenta da Federação de Sindicatos de Metrô, Paula Rivas no contexto da pandemia de coronavírus “temos nos dado conta de que o setor privado é o primeiro que recorre ao Estado quando há crise”. Rivas condenou a completa falta de diálogo do governo com as organizações sindicais em temas tão relevantes como, por exemplo, o plano de enfrentamento à pandemia. Alertando para os ataques privatistas “muito ferozes”, a líder metroviária defendeu que “é hora de resistir e não permitir que sigam avançando”.

Para Consuelo Villaseñor, presidenta da Confederação Democrática de Profissionais Universitários da Saúde, “a unidade é mais necessária do que nunca, pois estamos frente a um governo que quer seguir nos retirando direitos”. Recordando que já são mais de 16 mil trabalhadores contagiados com a covid-19, Consuelo convocou a “resistência” para superar um governo que somente “espalha enfermidades e retrocessos”.

Em relação ao cobre, o fato é que as transnacionais se apropriaram da sua maior parte – que responde por quase 50% das exportações -, graças à ditadura do general Pinochet e ao então ministro José Piñera, criador da “Lei Mineira”, em 1982. No entanto, os sucessivos governos do Partido “Socialista”, que vieram após a ditadura, concluíram a entrega de 62% desta estratégica riqueza nacional às mãos dos capitais estrangeiros, a partir da Lei 18.985 de Junho de 1990. Essa foi a parte da desnacionalização, que se iniciou com Patricio Aylwin, seguida pelos demais governos “concertacionistas’’ que lhe sucederam.