Chile: Cresce frente antifascista; 3º colocado repele extrema-direita
“No Chile não há espaço para a extrema-direita. José Antonio Kast dificilmente terá condições de vencer e, pior ainda, considero impossível para ele governar. Piñera não poderia governar”, afirmou Franco Parisi, do Partido da Gente, terceiro colocado às eleições presidenciais de 21 de novembro.
Com 12,8% dos votos, o candidato que fez sua campanha desde os Estados Unidos, onde vive para fugir de uma milionária dívida por pensão alimentícia, não fez campanha presencial no país e nem participou dos debates com seus rivais, ficou somente atrás do fascista Kast (27,9%) e do progressista Gabriel Boric (25,8%).
Na manhã de Chilevisión de quinta-feira (25), Parisi disse que “mataram nas pessoas a ilusão da educação pública, da casa própria casa e de poder emergir”, rechaçando um eventual governo de Kast. A contundência da declaração se deu logo após o candidato do Partido da Gente ter dito numa entrevista ao jornal Últimas Notícias (LUN) que o programa econômico de Boric seria muito problemático para Chile.
Diante do exposto, a campanha de Kast começou a disparar pretensos apoios de Parisi ao ultradireitista, que rapidamente enviou mensagens de desmentido, esclarecendo eventuais dúvidas.
Conforme Parisi, “José Antonio Kast não dará governabilidade nem paz social. Não manipulem minhas palavras, distorcendo nossa posição. Nem Kast nem Boric. Tampouco somos amigos de Álvaro Corbalán”. O major-general Corbalán ex-chefe de operações do Centro Nacional de Informação [O SNI chileno], organização que liderava a repressão política, a tortura e o desaparecimento de opositores à ditadura militar chilena, liderada por Augusto Pinochet entre 1973 e 1990.
Com um discurso “contra os políticos”, Parisi superou Sebastián Sichel (12,79%), indicado pelo presidente José Piñera, e Yasna Provoste (11,61%), da coalizão Democracia Cristã e Partido Socialista, ambas candidaturas representantes dos grupos que se alternam no poder durante os últimos 16 anos.
A votação de Parisi foi alavancada por um discurso contra os imigrantes, como na Região de Antofagasta, que faz divisa com a Bolívia a Argentina, em que obteve surpreendentes 38% dos sufrágios.
Semanas antes do pleito, uma manifestação chamada “Não mais imigração” reuniu cerca de cinco mil moradores da cidade de Iquique, na região de Tarapacá – onde Parisi também obteve grande votação. O protesto terminou com a queima de pertences e barracas de estrangeiros indocumentados, entre eles crianças e mulheres grávidas. A ação repressiva e persecutória foi protegida pela polícia e bastante incentivada pela grande mídia, que acusou os candidatos progressistas de agirem contra o emprego dos chilenos ao defender os direitos humanos.