Demissão de Miguel Ángel Villarroya foi aceita “para não prejudicar a imagem das Forças Armadas”

O chefe do Estado-Maior da Defesa da Espanha (Jemad), general Miguel Ángel Villarroya, teve o pedido de demissão acatado, neste sábado, pela ministra da Defesa, Margarita Robles, com o “objetivo de não prejudicar a imagem das Forças Armadas”, após ser flagrado sexta-feira furando a fila da vacinação contra a Covid-19.

O general foi destituído depois de comprovado que ele e alguns militares de alta patente haviam se utilizado de privilégios, burlando o protocolo da União Europeia (UE).

Em meio à onda de indignação frente ao processo inteiramente irregular de vacinação precoce de políticos do PP (Partido Popular) e do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) – de prefeitos a parlamentares, a notícia caiu como uma bomba no colo do governo. Entre outros, também foram beneficiados com a medida os generais Francisco Braco, chefe do Comando de Operações e Fernando García González-Valerio, chefe do Estado Maior Conjunto, que deverão ser penalizados “em função do que diga o informe”, disse Robles.

Em esclarecimento à ministra Robles, o Estado-Maior reconheceu que havia um “protocolo de prioridades”, começando por agentes médicos, membros de missões internacionais e da cadeia de comando – e obedecendo a um critério de idade. Com o vazamento da informação sobre os militares que desobedeceram a regra, o protocolo foi violado pela hierarquia que deveria protegê-lo.

Imediatamente, Robles pediu esclarecimentos ao general, que precisou informar quantas pessoas haviam se beneficiado da medida e qual era sua justificativa.

Em carta à ministra, Villarroya ainda tergiversou, destacando que sua atuação frente ao Estado Maior de Defesa, “da mesma forma que durante os 45 anos de carreira militar, procurou ser honesta e dominada pelo espírito de serviço e de amor à Espanha” e que sempre havia se “esforçado em servir de exemplo aos seus subordinados e em fazer o correto”. Entre o “correto”, divulgado por Villarroya, está somar forças com o comando europeu nas intervenções no Kuwait, em Ruanda e nos Balcãs.

Em relação com o fato concreto que implicou em sua renúncia, o general disse que, “no cumprimento de suas obrigações, de acordo aos protocolos estabelecidos e com a única finalidade de preservar a integridade, continuidade e eficácia da cadeia operativa das Forças Armadas”, tomou decisões que considera acertadas e que “nunca pretendeu aproveitar-se de privilégios não justificáveis”. Apesar disso, reconheceu que sua atitude “deteriora a imagem pública das Forças Armadas, colocando em dúvida” sua própria “honradez”.