Diplomata europeu, Josep Borrell, ao lado do chanceler da Rússia, Sergei Lavrov 

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, manifestou a esperança de que a Agência Europeia de Medicamentos dê luz verde ao uso da vacina Sputnik V em toda a UE.

A vacina russa, desenvolvida pelo centro de pesquisas Gamaleya em Moscou, é “uma boa notícia para a humanidade”, disse Borrell, que visita Moscou na sexta-feira (05).

“Felicito a Rússia pelo seu sucesso, porque significa que temos mais ferramentas para enfrentar a pandemia”, declarou o representante da diplomacia europeia durante uma coletiva de imprensa junto com o chanceler russo, Sergei Lavrov.

Borrell disse que ficou “muito feliz” ao ler “o relatório científico publicado na prestigiada revista científica The Lancet, que explica o desempenho da vacina russa.”

“Espero que a agência médica europeia certifique a eficácia desta vacina para ser utilizada nos Estados da União Europeia. Será uma boa notícia, pois, como sabem, estamos perante uma escassez de vacinas”, afirmou o alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.

O fundador da IberAtlantic Global Corporation, Pedro Mouriño, avaliou em declarações à agencia russa RT que, apesar de alguns países da UE “se oporem” à reunião de Borrell e Lavrov e “defenderem um discurso duro”, a reunião pode ser qualificada de “muito positiva”.

Graças ao relatório da Lancet, Mouriño considera que “Borrell e vários dos países europeus já estão em uma posição clara para querer cooperar com a Rússia na introdução da Sputnik V na UE”.

O renomado jornal médico publicou, na terça-feira (03), dados dos resultados dos ensaios clínicos de fase III da vacina Sputnik V, que confirmam que o antídoto tem uma eficácia geral de mais de 91%, não causa efeitos colaterais graves e é adequado para todas as faixas etárias.

O uso da vacina Sputnik V já foi aprovado em um total de 18 países, entre eles Argentina, Bolívia, Emirados Árabes Unidos, Irã, México, Coréia do Sul, Nicarágua e Venezuela. Além disso, segundo os criadores do medicamento, eles já receberam pedidos de mais de 1,2 bilhão de doses de 50 países ao redor do mundo.

Segundo Teresa Fallon, diretora do Centro de Estudos Rússia-Europa-Ásia (CREAS) em Bruxelas, a confirmação da eficácia da Sputnik V por uma revista confiável como The Lancet, abriu a entrada dela ao “prestigioso clube” das mais eficazes do mundo.

Em comparação com as outras vacinas contra a Covid-19 com eficácia superior a 90%, o imunizante do centro Gamaleya apresenta várias vantagens significativas em termos de custo e logística. As duas doses de Sputnik V necessárias para imunizar uma pessoa custam menos de US$ 20, o mesmo preço que suas contrapartes estrangeiras cobram por uma única dose com um nível semelhante de eficácia.

Além disso, a Sputnik V não requer temperaturas extremamente baixas de até -70 graus Celsius, como as vacinas Moderna e BioNTech / Pfizer, baseadas na tecnologia ARNm, e pode ser armazenada entre -2 e -8 graus Celsius (temperatura normal de um refrigerador).

A vacina consiste em dois componentes modificados biotecnologicamente que contêm o gene da proteína S do vírus SARS-CoV-2. Trata-se de dois vetores adenovirais recombinantes baseados no serotipo 26 (componente I, rAd26) e serotipo 5 (componente II, rAd5) do adenovírus humano.