Chanceler Merkel faz último apelo aos alemães: “vacinem-se”
Poucos dias antes de deixar o cargo, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, convocou a população do país a se vacinar contra a Covid-19 e levar a pandemia a sério em um momento de recrudescimento dos casos.
“Em meio a esta quarta onda da pandemia, estamos numa situação muito ruim, que em algumas partes do nosso país só pode ser chamada de dramática”, disse a primeira-ministra em seu último podcast semanal em vídeo divulgado neste sábado (04/12), referindo-se a UTIs lotadas, pacientes gravemente doentes e mortos em decorrência do coronavírus.
“Isso é tão amargo, porque seria evitável. Com vacinas eficazes e seguras, temos a chave nas mãos. Por isso, peço mais uma vez insistentemente: leve esse vírus traiçoeiro a sério”, frisou.
“Toda vacina ajuda, seja a primeira dose ou a de reforço”, afirmou. “Aos vacinados, traz segurança contra um caso grave. E uma taxa de vacinação tão alta quanto possível ajuda a todos nós, como país, a deixar essa pandemia para trás”, assinalou. Merkel expressou que a variante ômicron da Covid-19 parece ser ainda mais contagiosa que as anteriores e insistiu: “Vacine-se.”
68,8% da população alemã está totalmente vacinada contra a Covid-19 e esse número está praticamente estagnado já há algumas semanas, informa o órgão público de radiodifusão Deutsche Welle. Especialistas apontam que, para controlar a pandemia de forma eficaz, é necessário um percentual de imunização de ao menos 75%.
Essa taxa de vacinação insuficiente tem sido apontada como a principal causa para a atual grave quarta onda da covid-19 vivida pelo país. Neste sábado (04), o Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental de prevenção e controle de doenças, registrou 64.510 novas infecções em 24 horas e uma taxa de incidência de 442,7 novos casos por 100 mil habitantes em sete dias, frente a 183,7 um mês atrás. Também foram computadas mais 378 mortes.
Em seu último programa semanal, Merkel também agradeceu a todos aqueles que “são razoáveis e compreensivos neste momento difícil” da pandemia, atendo-se às regras tanto para proteger a si mesmos quanto os outros.
A líder alemã afirmou que o país está diante de semanas difíceis, que só poderão ser superadas com um esforço conjunto. “Espero de coração que consigamos isso juntos”, disse.
Após 16 anos à frente do governo alemão, Merkel deverá transferir o cargo para o social-democrata Olaf Scholz após a votação no Parlamento para eleger o novo chanceler federal na próxima quarta-feira.
Um dos primeiros passos de Scholz à frente do governo deve ser trabalhar com o Parlamento para aprovar uma lei que torne a vacinação contra a Covid-19 obrigatória a partir de fevereiro do ano que vem.
Com a piora da situação, governos estaduais alemães já decidiram em conjunto com o governo federal implementar restrições mais agudas para os não vacinados. Entre as várias medidas que estão sendo consideradas e aplicadas estão o fechamento de bares e clubes, e a limitação de grandes eventos. Algumas regiões mais duramente atingidas na Alemanha já cancelaram o comércio de Natal e barraram pessoas não vacinadas de frequentarem espaços públicos como restaurantes, academias e instalações de lazer.
Na sexta-feira (03), o ministro da Saúde do país, Jens Spahn, e o chefe do RKI, Lothar Wieler, em coletiva de imprensa constataram que as perspectivas são ruins e admitiram que as medidas restritivas foram determinadas com atraso, mas que agora é importante implementá-las com firmeza e monitorá-las para controlar a quarta onda de Covid-19.
Spahn expressou preocupação em relação às festividades de fim de ano, apontando que, mesmo que as últimas medidas anticovid tenham um efeito imediato e o número de infecções possa ser gradualmente reduzido, a situação nas unidades de terapia intensiva dos hospitais vai “atingir seu triste clímax por volta do Natal”.