Chanceler inglesa foi a Moscou açular conflito com Ucrânia
Com Boris Johnson na corda bamba por causa do escândalo das festinhas do lockdown, sua ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, foi a Moscou se reunir com seu homólogo Sergei Lavrov na quinta-feira (10), no esforço de açular a crise no leste europeu, reforçar as provocações do regime Biden contra a Rússia e aliviar, em Londres, o cerco no parlamento ao louro inquilino de Downing Street 10.
Nos últimos dias, quanto mais fotos aparecem dele em poses impróprias no lockdown, mais Boris Johnson se alvoroça a prometer enviar tropas e armas à Ucrânia e “conter” a Rússia. Nesse quadro, foi uma indigesta tarefa para o veterano e ponderado Lavrov, que na entrevista coletiva que se seguiu descreveu o interlóquio como uma conversa de “surdo e mudo”, tamanha a arrogância e recusa em ouvir exibidas pela chefe da diplomacia inglesa.
“Estou honestamente desapontado. Nossas explicações mais detalhadas caíram em terreno despreparado”, disse Lavrov.
“Eles dizem que a Rússia está esperando até que o solo congele como uma pedra para que seus tanques possam cruzar facilmente o território ucraniano. Acho que o terreno estava assim hoje com nossos colegas britânicos”, ironizou.
Em mensagem aos diplomatas russos pelo transcurso de seu dia, o presidente Putin convocou-os a realizar ‘esforços persistentes’ para que a Otan e os EUA forneçam garantias legais abrangentes de segurança à Rússia e destacou a situação internacional “turbulenta e tensa”.
O líder russo também chamou “fortalecer o estado de direito internacional e o papel central de coordenação da ONU para construir uma ordem mundial multipolar justa e estável”.
“Os boatos que proliferam na mídia de que a Rússia está supostamente se preparando para uma operação para capturar Kiev e todas as outras cidades da Ucrânia, ou que algum tipo de golpe está sendo planejado para instalar um regime fantoche na capital ucraniana – tudo isso está provém do notório manual do ‘altamente provável’”, sustentou o chefe da diplomacia russa, referindo-se ao costume do Ocidente de acusar sem provas.
Para Lavrov, ou colegas britânicos não estão familiarizados com as explicações detalhadas do lado russo ou as ignoraram completamente, e lembrou que ao longo de 2021 a mídia estrangeira noticiou sistematicamente a “acumulação de tropas russas” na fronteira com a Ucrânia, o que depois se transformou no alarmismo do suposto “ataque” russo à Ucrânia.
Ele lembrou que desmentido semelhante foi feito pelo ministro da Defesa da Ucrânia Oleksiy Reznikov, e que o próprio presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky pediu o fim do pânico.
Mais de uma vez Truss fez exigências para que a Rússia “retirasse tropas” de seu próprio território e insistiu em fazer ameaças de “consequências” e “sanções” caso Moscou não “escolhesse a diplomacia”.
Lavrov também observou que o “otan-centrismo” prevaleceu na retórica da senhora Truss. “Foi-lhe explicado em grande detalhe que as forças armadas russas estão no seu próprio território – em contraste com ‘centenas e milhares de tropas britânicas’”.
Em uma referência ao anúncio de envio de militares tanto para a Romênia quanto para a Bulgária, feito por Boris Johnson, Truss – que tergiversou – disse que “bem, você está em seu território e nós estamos em nosso território, porque somos todos Otan”.Lavrov expressou esperança de que o Ocidente, ao discutir questões sérias relacionadas à segurança, “se comporte um pouco mais como um adulto e não se envolva em propaganda direta”, ou faça disso um jogo com fins eleitoreiros domésticos.
Quando Truss fez menção ao Memorando de Budapeste, que fornece garantias de segurança à Ucrânia como um Estado não nuclear, para acusar Moscou, recebeu uma resposta contundente de Lavrov.
“Este memorando de Budapeste não obrigou a Rússia, o Reino Unido ou os EUA a reconhecer o golpe inconstitucional realizado por neonazistas e ultra-radicais em fevereiro de 2014”, enfatizou.
“Ninguém jamais nos imporá a necessidade – em violação de todas as obrigações internacionais da Rússia – de reconhecer regimes inconstitucionais ou, especialmente, de justificar as ações desses regimes que visam discriminar a população de língua russa e membros de outras minorias nacionais”, afirmou Lavrov.
“O que agora acontece todos os dias, e isso inclui as atividades legislativas do regime ucraniano com o apoio ativo do presidente Zelensky”, destacou.
Lavrov acrescentou que o Memorando de Budapeste foi acompanhado de uma declaração, que exige que todos os participantes “não permitam violações dos princípios da OSCE, incluindo o princípio do respeito pelos direitos das minorias nacionais”. “A Ucrânia não deu a mínima para tudo isso”, concluiu.