Ministro Wang Yi diz que política da China não é interferir nos assuntos dos demais países

Em entrevista de final de ano à televisão chinesa internacional CGTN e à agência de notícias Xinhua, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, convocou o governo Biden, que tomará posse no dia 20 de janeiro, a “retomar o diálogo com a China, restaurar a normalidade nas relações bilaterais e reiniciar a cooperação”.

Wang enfatizou que Pequim está pronta para “desenvolver com os Estados Unidos uma relação baseada na coordenação, cooperação e estabilidade”, e instou Washington a tentar se tornar um “país melhor” ao invés de “bloquear o desenvolvimento” dos outros.

Como ele observou, nos anos recentes, as relações da China e Estados Unidos passaram por “dificuldades sem precedentes”, o que foi ocasionado, fundamentalmente, pelos erros de concepção dos dirigentes dos EUA sobre a China.

“Alguns vêem a China como a assim-chamada maior ameaça, a sua política para a China, decorrente dessa má percepção, é simplesmente errada”, afirmou Wang.

“O que aconteceu prova que as tentativas dos EUA de suprimir a China e começar uma nova Guerra Fria não apenas prejudicou os interesses dos dois povos, mas também causou sérias perturbações ao mundo”, acrescentou. Tal política não tem sustentação e está “fadada a fracassar”.

O chanceler chinês destacou que as relações China-EUA chegaram a uma nova conjuntura, e “uma nova janela de oportunidade está se abrindo”. “Nós esperamos que o próximo governo dos EUA retorne a um enfoque sensível, retome o diálogo com a China, restaure a normalidade para as relações bilaterais e reinicie a cooperação”, afirmou.

Wang destacou que a política da China para com os Estados Unidos é “consistente e estável”. “Estamos prontos para desenvolver com os Estados Unidos uma relação baseada na coordenação, cooperação e estabilidade”, asseverou.
O chefe da diplomacia da China reiterou que Pequim “nunca interfere nos assuntos internos dos Estados Unidos e valoriza a coexistência pacífica e a cooperação mutuamente benéfica”. Analogamente, “os Estados Unidos também precisam respeitar o sistema social e o caminho escolhidos pelo povo chinês e respeitar seus legítimos direitos de buscar uma vida melhor”, afirmou.

“Sabemos que alguns nos Estados Unidos estão inquietos sobre o rápido desenvolvimento da China”, aquiesceu Wang. “Contudo, o melhor meio de alguém manter a liderança é através do constante auto aprimoramento, não bloqueando o desenvolvimento dos outros”, argumentou.

“Não precisamos de um mundo onde a China se torne outro Estados Unidos. Isso não é racional nem factível”, sublinhou o diplomata. Ao invés, acrescentou, “os Estados Unidos deveriam tentar fazer a si mesmo um país melhor, e a China ela própria se tornará melhor”.

Para Wang, na medida em que os Estados Unidos “possam tirar lições do passado e trabalhar com a China na mesma direção, os dois países são capazes de resolver diferenças através do diálogo e expandir os interesses convergentes por meio da cooperação”, o que permitirá “um modelo de coexistência que beneficie ambos os países” e abra “novas perspectivas de desenvolvimento em linha com a tendência da História”.