Multidão corre dos tiros na South Street, Filadélfia

Três pessoas morreram e 11 ficaram feridas na noite deste sábado (4), na cidade da Filadélfia, na Pensilvânia. O tiroteio em massa foi registrado como o 245º só neste ano. Nesta chacina, em vez de um atirador solitário, como sempre tem acontecido, a polícia registrou que tratou-se de um grupo de atiradores que disparou contra pedestres que se aglomeravam em uma área de lazer no centro da cidade. Um policial revidou, mas todos os atiradores conseguiram fugir.

Até o momento, os nomes dos assassinados na Filadélfia ainda não foram divulgados, embora se saiba que são dois homens (um deles de 25 anos) e uma mulher de 22 anos. “Havia centenas de pessoas caminhando pela South Street naquele horário, como em todos os fins de semana”, declarou um porta-voz da polícia local à televisão WCAU.

Conforme uma testemunha, “foi um caos”. “As pessoas vinham da rua com manchas de sangue nos sapatos. Estávamos juntando guardanapos, molhando e tentando limpar as feridas”, informou. Outra testemunha, Joe Smith, acrescentou que “quando começou, pensei que não ia parar”. Ele estava na porta de um teatro quando começaram os disparos por volta das 23h30.

Em Chattanooga, no Tennessee, uma briga com armas de fogo e vários carros envolvidos terminou com mais duas pessoas mortas a tiros e 14 feridas à bala. Outra pessoa atropelada também perdeu a vida (e outras três ficaram feridas quando foram atropeladas por um ou vários veículos, quando fugiram). Segundo a polícia, como na Filadélfia, também havia mais de um atirador. As identidades das vítimas e dos suspeitos também não são conhecidas.

Conforme o site Gun Violence Archive, referência sobre o tema no país, além destas duas chacinas (Fliadélfia e Chattanooga), somente no sábado (4), acontecimentos igualmente sangrentos foram registrados em Phoenix (Arizona; um morto e oito feridos), El Paso (Texas; cinco feridos) e Ecorse (Michigan; quatro feridos).

Noite sangrenta

A sangrenta noite de sábado aconteceu apenas 72 horas após quatro pessoas terem sido executadas por um homem que invadiu o Hospital Saint Francis em Tulsa, Oklahoma, procurando o médico que tinha operado suas costas e que, segundo ele, não havia conseguido aliviar a dor. Com um fuzil que havia comprado na mesma quarta-feira (1), ele também matou outro médico, uma recepcionista e um paciente que aguardava no consultório. Logo depois ele tirou a própria vida.

As cenas de barbárie vêm se repetindo e tornando-se cada vez mais rotineiras, como relembram outros dois tiroteios em massa recentes: o de Uvalde (Texas) e Buffalo (Nova Iorque). Na cidade texana, um jovem de 18 anos, Salvador Ramos, matou 19 alunos da Robb Elementary School e dois de seus professores.

Na cidade do oeste do estado de Nova Iorque, Payton Gendron, outro jovem de 18 anos, supremacista branco e com ligação com símbolos nazistas, adentrou um supermercado de um bairro afro-americano com a intenção de “matar o maior número de negros possível”. Conseguiu chacinar dez com um fuzil AR-15. Apesar de ter sido preso no local e com arma na mão, o racista se declarou inocente perante o juiz.

Um estudo publicado pelo Annals of Internal Medicine, em fevereiro, aponta que 7,5 milhões de adultos, cerca de 3% da população, adquiriram uma arma pela primeira vez entre janeiro de 2019 e abril de 2021. A expansão da cultura belicista é algo trágico, avaliam os especialistas – e comprovam as recentes chacinas – uma vez que os EUA são o país com o maior número de proprietários de armas de fogo. A estimativa é que já em 2018 havia 120,5 armas por 100 habitantes, contra 88 por 100 em 2011.

EDIÇÃO: Guiomar Prates