A abertura de inquérito da Polícia Federal (PF) para investigar se Bolsonaro prevaricou repercutiu de imediato no parlamento. Para deputados da oposição, o procedimento policial é um avanço para quebrar o silêncio do presidente. Há 16 dias, desde a denúncia dos irmãos Miranda à CPI da Covid sobre indícios de corrupção envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin, o chefe do executivo não se manifesta sobre o caso.

No dia 25 de junho, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o seu irmão Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde, disseram aos senadores que fizeram a denúncia a Bolsonaro durante encontro no dia 20 de março, às 16 horas, no Palácio da Alvorada. Na ocasião, o presidente se comprometeu a acionar o delegado-geral da PF e, ainda, disse que o “rolo era coisa do Ricardo Barros”, do PP do Paraná, líder do governo na Câmara dos Deputados.

De acordo com o Código Penal, a prevaricação é um tipo de delito que ocorre quando um funcionário público “retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.”

“Bolsonaro sabia do esquema para roubar o dinheiro das vacinas? Se sabia, não fez nada? Parece que sim.  A Polícia Federal abriu inquérito para investigar se o presidente cometeu o crime de prevaricação”, destacou a vice-líder da oposição na Câmara, deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC).

O vice-líder do PCdoB na Casa, deputado federal Orlando Silva (SP), diz que a PF vai investigar Bolsonaro sobre o “vacinoduto da Covaxin”. “Bom lembrar que, desde o depoimento sobre o caso, o presidente já fez de tudo, menos trabalhar e desmentir os irmãos Miranda. Bolsonaro cometeu crime!”, afirmou.

Para a vice-líder da minoria, deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a questão é saber se Bolsonaro prevaricou diante das denúncias da “roubalheira das vacinas”. “Em entrevista à rádio Gaúcha, Bozo disse: ‘não posso tomar providência ao chegar qualquer coisa pra mim’. É confissão ou não?”, escreveu a deputada no Twitter. “O cerco está se fechando cada vez mais contra o genocida!”, ressaltou a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA).

O líder da oposição na Câmara, deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), também considerou um avanço a abertura do inquérito. “Isso é resultado daquela cobrança do STF à PGR sobre manifestação acerca da notícia-crime. Seguimos de olho, fiscalizando!”, disse.

“PF abre inquérito para investigar caso de prevaricação de Bolsonaro no escândalo de corrupção na aquisição das vacinas da Covaxin. Se sabia e calou, é culpado. Se comprovado, é impeachment e cadeia!”, resumiu o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP).

A líder do PSOL na Casa, deputada federal Talíria Petrone (RJ), também considerou um avanço a abertura do inquérito. “O cerco vem se fechando contra esse governo que usa da corrupção para implementar sua política de morte. Agora só falta Arthur Lira (presidente da Câmara, do PP de Alagoas) colocar o impeachment em votação.”

 

Por Iram Alfaya
 (PL)