Foto: Rodrigo Positivo

Em todo o país, partidos e lideranças políticas se movimentam para as eleições de 2024, uma disputa importante por se tratar da primeira realizada após a derrota de Jair Bolsonaro e de sua inelegibilidade e sob um governo oposto ao da extrema-direita. Nesse novo quadro, mais positivo para as forças democráticas e progressistas, o PCdoB também está delineando seu projeto, buscando ampliar sua presença nos municípios. 

Com Luiz Inácio Lula da Silva e governadores alinhados ou abertos ao diálogo com o campo que o presidente representa, novas perspectivas se abrem. Soma-se a isso a melhora no quadro geral da economia e os reflexos que as políticas públicas, sobretudo as de âmbito social,  têm na vida das pessoas. Pouco a pouco, a população vai entendendo a diferença, em seu dia a dia, do Brasil de hoje para o dos últimos anos, o que acaba pesando nas escolhas para as prefeituras e as câmara municipais.

Coordenador do grupo de trabalho criado pelo PCdoB para tratar do próximo pleito, Davidson Magalhães, dirigente da Bahia, analisa de maneira positiva tanto o contexto atual quanto as possibilidades do partido, considerando tanto o seu perfil quanto sua participação no governo Lula. 

Nesse sentido, ganha destaque, entre os comunistas que compõem a gestão federal, o papel da presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, que está à frente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, pasta fundamental para lançar o país em novo patamar de desenvolvimento socioeconômico com sustentabilidade ambiental. 

“O principal desafio do projeto eleitoral do PCdoB em 2024 é acumular forças nesse novo contexto de crescimento do movimento social e de vitória das forças progressistas contra a extrema-direita. Este é um dado do contexto atual que ajuda na construção do projeto”, diz Davidson. 

Ele lembra que, na última disputa municipal, o partido e o campo democrático e de esquerda enfrentaram dificuldades impostas por um quadro político bastante desfavorável e de refluxo que vinha se desenhando desde o golpe de 2016, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a consequente derrota das forças progressistas. 

Agora, ao contrário, “o projeto eleitoral de 2024 se dá num contexto positivo e o desafio é superar essas marcas, especialmente com a eleição de vereadores e vereadoras nos grandes centros, a reeleição dos nossos prefeitos e prefeitas e a tentativa de ampliar ainda mais o nosso espaço no Executivo”, explica o dirigente. 

Federação 

Davidson Magalhães. Foto: reprodução/redes sociais

Outro ponto que Davidson Magalhães destaca é que esta será a primeira eleição municipal que o partido disputa no âmbito da Federação Brasil da Esperança, formada ainda por PT e PV. “A federação foi concebida como instrumento para agregar forças políticas no campo progressista, no sentido de disputar um programa dentro da sociedade. A federação ainda não representa totalmente isso e precisa superar a visão de uma mera coligação eleitoral”, argumenta.

Ele completa dizendo que este “é um momento mais complexo porque a eleição é mais pulverizada e as realidades regionais são muito diferenciadas no nosso país, mas temos o grande desafio de consolidar a federação”. Por outro lado, salienta, “a própria federação é um instrumento atrativo para as fileiras do PCdoB, que facilita a eleição de vereadores e vereadoras e mesmo de prefeito porque, de partida, já constitui um campo e isso é extremamente positivo. Cabe agora a tarefa da construção política da federação, sua consolidação no país e sua estruturação mais orgânica nos estados e municípios”. 

Próximos passos

No processo de construção do projeto eleitoral, o GT deverá fechar, em breve, uma primeira avaliação geral da situação local do partido. “Já discutimos com vários estados no grupo de trabalho eleitoral e devemos fechar, em agosto, os diagnósticos dos estados para discutirmos na Comissão Permanente e na Comissão Política”, aponta Davidson Magalhães. 

O dirigente avalia que apesar de as perspectivas para o partido serem boas, é preciso “superar algumas limitações em alguns estados — limitações de caráter material em uns e, em outros, do ponto de vista da articulação política. Entendemos que o projeto eleitoral tem de estar em plena execução a partir deste mês porque a pré-campanha é tão ou mais importante até do que a campanha”. 

Ele argumenta que “como a pré-campanha é mais longa e como essa é uma corrida, nós não podemos sair muito atrás com o nosso projeto nos estados”. Além dessas definições, disse, “nós também vamos iniciar, neste ano, um programa de preparação dos nossos candidatos em relação às redes sociais, para que eles estejam preparados do ponto de vista da comunicação. E também vamos iniciar as conferências do partido. As conferências municipais e estaduais devem ser momentos importantes do fechamento dessa primeira etapa dos projetos eleitorais e também para colocarmos esse projeto eleitoral nas ruas e nas redes, com muita força”, conclui.