O plano lançado na Casa Branca por Trump e aplaudido pelo premiê israelense, Bibi Netanyahu, reconhece a anexação unilateral de território palestino – isto é, sem qualquer tipo de discussão ou negociação com seus legítimos donos, os palestinos – seja ele o dos assentamentos erigidos pelos judeus em terras assaltadas aos palestinos, seja a pretendida anexação do vale do Jordão (o que corresponde ao roubo de mais 30% de território palestino ocupado há mais de 50 anos) ou ainda toda a Jerusalém incluindo sua parte árabe e integrada ao restante da Palestina sob comando da sua Autoridade Nacional.

Com uma visão clara acerca dos aspectos criminosos do plano (que fere as Convenções de Genebra, proibindo anexação pela força de território ocupado através de guerra, ou a construção de unidades residenciais para população da potência ocupante), Carter alerta que o plano de Washington, “se implementado arruína a solução mais viável para este conflito de longa duração, a Solução dos Dois Estados”. “Este novo plano”, prossegue, “restringe as perspectivas para uma paz justa ente israelenses e palestinos”.

Ele conclamou os Estados membros “a aderirem às resoluções do Conselho de Segurança da ONU rejeitem qualquer ação implementada por Israel que contenha o objetivo de mais açambarcamento unilateral de terra palestina”.

Na sua declaração, Carter destaca que o plano “viola a lei internacional no que diz respeito ao direito à autodeterminação através da aquisição de terra pela força ou anexação de territórios ocupados”.

O ex-presidente, que promoveu o primeiro entendimento de paz entre um Estado árabe e Israel, conhecido como o acordo de Camp David, e foi distinguido com o Prêmio Nobel por sua contribuição humanitária teve suas afirmações reforçadas por seu escritório político, o Carter Center que acrescenta: “Ao exigir dos palestinos o reconhecimento de Israel como Estado Judeu, também encoraja a negação de direitos iguais aos palestinos cidadãos de Israel”.

Em mais um acesso de cinismo, Trump disse que os planos anteriores (baseados nas leis internacionais) fracassaram e que, ao final de contas, “os palestinos vão gostar”. Como se não lhes restasse outra alternativa além do que a capitulação, o abrir mão de seus direitos de autodeterminação. Como se a prevalência da postura colonialista por parte dos governos israelenses ou o assassinato do premiê que levou adiante os acordos de paz, aí incluída a adesão unilateral norte-americana – tanto do ponto de vista econômico como diplomático – aos crimes de guerra por parte do regime israelense, não tivessem qualquer relação com o fracasso das tentativas anteriores de paz.

Ao tempo em que escrevemos esta matéria, todos os ministros do Exterior dos países árabes chegam ao Cairo para participarem de uma reunião de emergência convocada pela Autoridade Nacional Palestina para debater o plano de Trump.

Majdi Al Khaldi, assessor diplomático do presidente Mahmud Abbas, já declarou que o encontro busca, entre outras questões, “defender os direitos palestinos”.