Carlos Latuff presta solidariedade à diretora da CED 1 da Estrutural
Desembarcou em Brasília nesta manhã o chargista Carlos Latuff para uma visita ao Centro Educacional Nº 1 (CED 1), da Estrutural, em solidariedade à vice-diretora, Luciana Pain, que foi vítima de ataques do deputado Heitor Freire (PSL-CE). Durante invasão à unidade, o parlamentar fez ainda gravações sem autorização da dirigente e da exposição realizada pelos alunos sobre o dia da Consciência Negra, em que alguns trabalhos mostravam textos e charges retratando a violência policial.
“A ideia é mostrar à diretora, aos alunos, à professora, que não estão sozinhos, além de chamar outros atores, como os sindicatos, os movimentos negro, estudantil e de mulheres, para apoiá-los, porque isso é um ataque à liberdade dos professores. A polícia não pode determinar o teor de um trabalho, o que será ensinado ou não, mandar tirar um trabalho dos quadros. Quem tem autoridade para isso é o professor”, afirmou o cartunista ao Portal Vermelho, logo após a visita.
Segundo Latuff, alguns alunos relataram incidentes de racismo no seu cotidiano: “Quem de nós consegue não ter uma história de racismo? Se não viveu, conhece alguém que viveu”. Durante a visita, o chargista gravou um vídeo ao lado da diretora, no qual manifesta a sua solidariedade. Assista aqui à gravação.
Ao chegar à capital federal, ele havia explicado que soube da situação por um vídeo enviado por um amigo: “Até como autor das charges, quis prestar minha solidariedade”. Localizado na comunidade de mais baixa renda do DF, o CED 1 é uma escola cívico militar. No vídeo que circulou pelas redes sociais a diretora relata ter sofrido tentativa de censura por parte do agente que dirige a área disciplinar da escola.
De acordo com o Sinpro-DF, o parlamentar também tentou intimidar a professora e fez ameaças com frases como “você vai cair” quando ela lhe informava qual o procedimento formal para registrar reclamações e questionamentos.
Latuff, que tem charges expostas na mostra dos estudantes do CED 1 e já teve outros trabalhos relacionados ao tema censurados, reiterou a necessidade de enfrentar o debate sobre a violência policial no Brasil.
“Toda vez que se trata de violência policial numa escola tem reprimenda. Isso tem que acabar. Quem mais mata preto e pobre no Brasil é o Estado. E o braço armado do Estado é a polícia. Se a gente quer combater a violência policial, o papel das polícias, isso precisa ser debatido sem medo”, destacou.