"O acordo com o FMI é impossível de cumprir", afirma Alberto Fernandez - diariouno

O candidato da “Frente de Todos”, Alberto Fernández, vencedor das eleições presidenciais primárias da Argentina, assinalou que o acordo assinado pelo governo do presidente Maurício Macri, para pagamento de dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), é “impossível de cumprir”.

“Eu diria que há uma só realidade incontrastável e é que a Argentina nestas condições não está podendo pagar as obrigações (creditícias) que assumiu”, declarou em entrevista ao jornal Clarín sobre o acordo por 56 bilhões de dólares com o FMI, para tentar “estabilizar o mercado cambiário”.

“Temos que entender que estamos virtualmente em condições de default, e por isso os bônus argentinos valem cada vez menos, porque o mundo se dá conta que não podem se pagar”, afirmou Fernández.

“O governo firmou um acordo impossível de cumprir e não cumpriu nada. Não cumpriu as metas de inflação, de crescimento e as metas fiscais. O que Macri tem que fazer é voltar a se encontrar com o Fundo e explicar por que não cumpriu nada. Porque, se não, é preciso assumir o que vem de todos os seus descumprimentos”, advertiu.

Através de um breve comunicado, na terça-feira, 20, o FMI disse que o país enfrenta uma “difícil situação” e confirmou que chegará uma nova missão a Buenos Aires nos próximos dias para revisar as metas fiscais e autorizar o próximo pagamento. “Trata-se das primeiras palavras do Fundo após um longo silencio posterior às primárias, a mega-desvalorização, o lançamento de pacote de medidas econômicas e a saída de Nicolás Dujovne do Ministério de Economia”, apontou o jornal Página 12.

“É responsabilidade de todos não defraudar essa Argentina na qual milhões de argentinos votaram no domingo, 11”, frisou Fernández, e afirmou que em sua visão “o maior problema da Argentina é a fome. São esses 25 milhões de pessoas que estão abaixo da linha de pobreza e, se não tiverem um auxílio do Estado, não têm como comer”.

Quando lhe perguntaram se a Cultura – hoje reduzida à condição de secretaria por Macri – voltaria a ser ministério caso ganhe a eleição presidencial, Fernández não duvidou: “Seguramente voltará o Ministério da Cultura. Sou um consumidor da cultura. O Estado deve dar garantias ao criador de cultura e fazer com que sejam reconhecidos seus diretos. A política tem que encher a barriga dos argentinos com comida e sua alma com cultura”, sublinhou.

Outras secretarias que devem recuperar o status ministerial com Fernández são Trabalho, Saúde e Ciência e Tecnologia. E afirmou que também criaria os ministérios de Moradia e da Mulher.