Candidatas do PCdoB-CE enfrentam campanhas com luta e coragem
Se ainda restava alguma dúvida sobre a importância das mulheres para decidir o futuro do país, já não existe mais. As eleições de 2018 vieram comprovar que, mais que representar 52% do eleitorado, são as mulheres que protagonizam os principais debates e acontecimentos desta disputa.
Desde 1997, de acordo com a Lei 9504, todo partido político deve ter, no mínimo, 30% de candidatas mulheres para participar das eleições. Enquanto muitas legendas buscam cumprir a cota, usando candidaturas “fakes”, as mulheres do PCdoB mostram sua força. Além de Manuela D’Ávila, candidata à vice-presidente na chapa com Fernando Haddad (PT), são incontáveis os nomes que ratificam que as comunistas não entram na disputa para completar números. Podemos também Luciana Santos, que concorre ao cargo de vice-governadora de Pernambuco e ainda Jô Moraes, que compõe chapa majoritária ao Governo de Minas Gerais.
No Ceará, elas também ocupam seus espaços e reforçam que “lugar de mulher é onde ela quiser”. A deputada estadual Augusta Brito, que busca sua reeleição, considera que nunca foi tão necessária a presença da mulher na política. “Digo isto não só por questão de direito e igualdade, mas de sensibilidade. A mulher, que hoje já chefia quase um quarto das famílias brasileiras, precisa e deve, cada vez mais, participar da vida política. Quando falo em participar da vida política, não faço referência apenas a se filiar a um partido ou ser candidata a um cargo eletivo, mas principalmente participar da luta social e da política, de modo geral”, defende.
“Lutar para TRANSformar”
Silvinha poderá ser a primeira mulher trans a ocupar uma cadeira no Congresso Nacional. Disputando o cargo de deputada federal, ela encara o desafio de amplificar sua atuação dos movimentos sociais para a política com coragem e compromisso. “Desde sempre soube que a política impõe obstáculos para uma maior participação nossa, das mulheres. Então eu abracei o desafio da candidatura já sabendo que seria ainda mais difícil para mim como mulher trans”, considera.
Mesmo com as dificuldades que a maioria das campanhas enfrenta, ela afirma, por vezes, ser surpreendida positivamente. “Pessoas idosas, que poderiam ter a cabeça mais conservadora, declaram voto e expõem que percebem em mim garra e vontade de mudar, de transformar a política. Eu compreendo bem que sou uma mulher trans e que tenho que demarcar esse espaço na campanha, mas eu não me limito a ser apenas uma trans candidata. Procuro deixar sempre bem claro que eu sou uma representante do povo e por isso mereço os votos do povo cearense”, ratifica.
“Ocupa o Poder”
Para a estudante Germana Amaral, as campanhas são momentos de diálogo, formação da militância e protagonismo dos jovens. Sobre as mulheres, ela considera que nestas eleições, elas têm papel fundamental na construção da política no Brasil. “Percebemos que somos maioria, que nossos direitos não podem ser definidos e/ou defendidos por quem não nos representa”.
Segundo a jovem que disputa vaga na Assembleia Legislativa do Ceará, desde 2013 as mulheres encabeçam muitas lutas e foi a partir desse protagonismo que nasceu sua candidatura. “Sempre participei do movimento estudantil, fui do DCE da Universidade Federal do Ceará, diretora da UNE e atualmente sou presidenta da UJS aqui no Ceará. Construí a primavera feminista de 2016 e ajudei a liderar o ato do #EleNão aqui em Fortaleza no último dia 29”, cita.
Ela considera ainda que a juventude, em especial as jovens mulheres, precisa ocupar os espaços de poder da política. “O PCdoB sempre incentivou a representação feminina, não é à toa que nossa candidata a Vice-Presidência do Brasil é uma mulher e que tem todo um histórico de lutas dentro do Partido. O PCdoB defende as mulheres por ideologia, faz parte de nosso pensamento e candidaturas. Não somos candidatas ‘laranjas’, somos mulheres, jovens, feministas e comunistas que vão ocupar e transformar a política no Brasil”.
“Lute como uma Mulher”
Mulher, mãe, advogada, servidora pública. Não faltam adjetivos para ela que ousou enfrentar o desafio de lançar sua candidatura a deputada estadual. Recém filiada ao PCdoB, Raquel Andrade chegou para mostrar que a luta das mulheres deve ser a luta de todos. “2018 é o nosso ano. É o ano no qual nós mulheres sairemos dos bastidores da política e ocuparemos os espaços que também nos é de direito. Não há como pensar num processo genuinamente democrático sem a efetiva participação daquelas que representam mais de 50% do eleitorado no país”, defende.
Segundo Raquel, a vontade de colocar seu nome para ser analisado pelos eleitores não é nova, mas justifica porque a decisão só veio agora. “Simples: Nós levantamos. E levantaremos mais de nós. Para além dos discursos de palanque, não há nada mais desafiador do que ser feminista na política e na prática. E o momento pede isso. Precisamos entender a razão de ser tão difícil para as que são mães, negras, da periferia, assumiram seu lugar de direito na política orgânica”.
Mesmo considerando a importância de muitos fatores para o êxito das campanhas, como os partidos, candidatos, militantes e dirigentes, Raquel ratifica que o papel principal é de cada candidata. “Precisamos atuar diuturnamente em torno das nossas candidaturas e das colegas ou não de partido, mas que compactuam com a causa. Somente a percepção de que lutamos todas por uma pauta comum, pode fortalecer esse processo de representatividade legítima. É nossa missão trabalhar para que outras cheguem onde nós chegamos. Ocupar os espaços políticos, como candidatas ou não, é a nossa maior arma de resistência. E resistir requer coragem. Isso, temos de sobra.”.
“Mulher na Política”
Fiscal do Município, Ana Angélica Aquino também surge pela primeira vez como candidata a deputada estadual. Segundo ela, ser mulher e enfrentar uma campanha é se superar duas vezes. “Para se candidatar, precisamos primeiro convencer a família de que queremos participar da disputa. Depois, observamos que pra nós sempre é mais difícil porque, além da campanha, estamos sempre atentas às demandas da casa, do marido, de filhos e netos”.
Ana Angélica destaca como ponto de dificuldade até a questão física, quando tem que disputar espaço com a maioria de homens. “Nos grandes eventos, nos palanques, o desafio é estar ao lado das lideranças políticas. Os homens, geralmente mais fortes e altos, sempre ocupam os lugares estratégicos, dificultando para nós. Como mulher, baixinha e desconhecida no meio político, tive que me adaptar e encontrar alternativas, mas a paciência é da natureza feminina. Espero terminar o ato e, quando todos já garantiram suas fotos ao lado dos candidatos da chapa majoritária, chego perto e faço meu registro”, confidencia.
Ana Angélica revela já ter repensado o desafio de enfrentar a disputa, mas a resposta e sempre positiva. “Nossa campanha tem recebido elogios tanto de mulheres como de homens. Para muitos, temos que ter coragem para lidar com os desafios. Só ao longo desses dias entendi que enfrentar o debate neste momento político, mostrar a cara e ratificar de que lado está é preciso ter mesmo muita coragem. Estou tentando cumprir uma missão. Como mulher, achei que este era o momento de dar uma contribuição maior”.
Questionada de, apesar das incontáveis dificuldades, se valeu a pena, ela ratifica: “Valeu muito a pena! Nossa campanha já é vitoriosa só pelo fato de existir, por dizer que as mulheres podem, as comunistas podem e que é preciso confiar em pessoas com coragem de enfrentar, que abram mão de seus problemas pessoais pelo bem comum. Temos a tarefa de mostrar que podemos juntos, homens e mulheres, construir um mundo melhor. A luta sempre vale a pena!”.
Candidatas
Augusta Brito 65700
Germana Amaral 65656
Raquel Andrade 65444
Ana Angélica 65145
Silvinha 6555
De Fortaleza, Carolina Campos