Canadá: Após repulsa nas redes, Chrystia exclui slogan nazi ucraniano
Milhares de internautas reagiram com indignação à postagem, por Chrystia Freeland, a vice do primeiro-ministro canadense Julian Trudeau, de uma foto na qual ela posa orgulhosamente no centro de Toronto carregando uma faixa vermelha e preta com o slogan ultranacionalista ucraniano “Slava Ukraini”.
Como registra o Sputnik, “faixas vermelhas e pretas como a que Freeland ergueu no domingo à noite eram a bandeira oficial de batalha do chamado Exército Insurgente Ucraniano (UPA), a ala paramilitar da Organização fascista dos Nacionalistas Ucranianos (OUN)”, composta por colaboracionistas de Hitler.
Ataque a judeus e poloneses na II Guerra
Uma escória que ficou tristemente famosa “por aterrorizar a população judaica da Ucrânia ao lado de esquadrões da morte alemães, especialmente depois de perpetrarem os brutais pogroms de Lvov que tiraram a vida de dezenas de milhares de judeus ucranianos e poloneses em 1941”.
“Vamos deitar suas cabeças aos pés de Hitler”, lia-se em um de seus panfletos na época, voltados para aterrorizar a população judaica da cidade.
A repercussão da exposição da cumplicidade da segunda mais alta autoridade canadense para com os nazistas ucranianos fez com que a foto fosse retirada 12 horas depois e substituída por outra em que deram sumiço no ostensivo banner. Freeland – claro – não explicou o remendo.
Segundo historiadores, a OUN-UPA “foi responsável pela morte de mais de 100 mil judeus durante o Holocausto”.
Após a guerra, esses grupos e a chamada ‘diáspora’ receberam financiamento da CIA durante grande parte do século 20.
Como os usuários do Twitter apontaram, o motivo vermelho e preto do banner da UPA mantido por Freeland no tweet deletado representa “sangue e solo”, um slogan chave na ideologia nazista referindo-se ao desejo dos fascistas de tomar, para a chamada “raça superior”, o poder no território das populações principalmente eslavas que eles chamavam de “untermenschen” [subumanas].
Nas redes sociais, as pessoas assinalaram que a suposição de que Freeland não tinha conhecimento do teor fascista da faixa banner beira a credulidade.
Vovô Chomiak
De acordo com os Registros de Arquivos da Ucrânia do Canadá, seu avô, Michael Chomiak, era um colaborador nazista de longa data que ganhava a vida levando propaganda fascista em seu nome para o público ucraniano, em um escritório de jornal confiscado de judeus – uma verdade histórica bem documentada que ela tentou pintar como propaganda russa.
O grito de guerra dos nazistas ucranianos reapareceu de 2017 em Charlottesville, nos EUA, entre as milícias de extrema-direita e grupos neonazistas que instigaram a infame manifestação “Unite the Right”, que deixou uma mulher morta e dezenas de feridos após o ataque terrorista de supremacia branca pelo qual James Alex Fields , Jr. foi condenado à prisão perpétua em julho de 2019.
A medida que as predileções de extrema-direita de certas facções do regime ucraniano vêm a tona, acabam por jogar um pouco de fel na laranjada adocicada, sobre a nova “Ucrânia da Otan”, que vem sendo servida dia e noite aos incautos pela mídia imperial.
No Canadá, a maioria dos principais meios de comunicação permanece muda sobre a identificação da vice-primeira ministra com a milícia colaboracionista nazista que massacrou comunidades polonesas, judaicas e ciganas, ainda hoje idolatrada por setores da diáspora ucraniana.
“Uma coisa é certa: desde as fotos de símbolos fascistas exibidos com destaque em recentes protestos anti-russos, até um post da conta oficial do Twitter da Guarda Nacional Ucraniana em que seu batalhão neonazista Azov é mostrado lubrificando balas com gordura de porco em antecipação da chegada de “orcs” como chamam os muçulmanos, que se voluntarizam para lutar ao lado das forças russas, os meios de comunicação estão tendo cada vez mais dificuldade em apresentar a notória extrema-direita da Ucrânia como um elemento inexpressivo”, registra o portal Sputnik.
O portal russo observa que nos últimos dias aumentaram as denúncias de duplos padrões nas narrativas da mídia mainstream sobre a “Ucrânia da Otan”.
Como a de que meios de comunicação, incluindo a rádio pública norte-americana NPR, publicaram fotos semelhantes à do vexame em que se meteu a vice-primeira-ministra canadense, expondo bandeiras desses grupos notórios sem alertar o público sobre suas implicações de extrema-direita.